Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Fogo pode ser benéfico à natureza e auxiliar na renovação da fauna e flora

Estudo canadense mostra que interferência nesse processo - como para preservar áreas agrícolas - pode causar danos irreversíveis às florestas

Há aproximadamente 12 mil anos, o Homo sapiens passou a cultivar a terra. Depois disso, a relação com o ecossistema nunca mais seria a mesma. De mero caçador-coletor que perseguia bestas selvagens e aproveitava frutos caídos no chão para se alimentar, ele tornou-se senhor da natureza. Aprendeu a queimar a vegetação nativa para plantar, fertilizou o campo, delimitou áreas para abrigar os animais já domesticados. A interferência foi fundamental para o desenvolvimento da espécie ; sem a agricultura, não existiria uma civilização. Contudo, ao longo dos milênios, o homem passou dos limites e, agora, enfrenta o risco de um colapso na biodiversidade.





O alerta está no artigo de capa da edição de hoje da revista Nature. Pesquisadores canadenses mostram, na prática, o que ecólogos têm avisado há muito tempo: o manejo equivocado da terra pode levar à perda irreversível dos ecossistemas. Durante uma década, os especialistas monitoraram uma área de savana de 10 hectares ao sul de Vancouver, parte da Província Florística da Califórnia, uma das florestas mais ameaçadas do mundo e que ocupa parte do Canadá, dos Estados Unidos e do México. O trabalho não foi apenas de observação: os cientistas provocaram incêndios na região diversas vezes, para testar a capacidade de recuperação do ecossistema. Aconteceu o que eles imaginaram: a vida não conseguiu renascer, resultado de uma pressão exercida pelo homem durante 150 anos.