, 500 anos após sua morte, recebeu um rosto, muito mais agradável do que Shakespeare tinha imaginado, graças à técnica de reconstrução facial.
Um modelo, desenhado por especialistas da Universidade escocesa de Dundee a partir de uma varredura em 3D do seu crânio, foi apresentado nesta terça-feira em Londres pela Sociedade dos Amigos de Ricardo III, que financiou o projeto. "Para todos aqueles que imaginavam muitos retratos que representavam um corpo e traços retorcidos, um rosto calmo e pensativo será um choque", assegura esta organização que se esforça para reabilitar a imagem do soberano. De acordo com ela, os retratos do rei produzidos após sua morte retrataram-no com traços endurecidos e olhos encolhidos, sem dúvida influenciados por sua reputação sinistra.
Após a morte em 1485 do último dos Plantagenetas, o trono de Inglaterra foi ocupado pela dinastia Tudor, que retratou Ricardo III como um tirano sanguinário em um corpo deformado. Shakespeare ancorou esta reputação detestável imortalizando sob o personagem de um corcunda que massacrou dois sobrinhos para ascender ao trono. Ricardo III morreu na guerra aos 32 anos. Tinha "uma aparência muito mais agradável e mais jovem", "longe da imagem de um traidor que agia a sangue frio", de Shakespeare, segundo a Sociedade.
Graças aos ossos encontrados em um estacionamento de Leicester (centro da Inglaterra), formalmente identificados na segunda-feira como sendo do corpo do rei desaparecido, ficou provado que, apesar da escoliose já conhecida, ele não tinha um braço atrofiado e não era corcunda como afirma a lenda. Não existem mais retratos produzidos em sua vida e "todos aqueles que sobreviveram são muito semelhantes, por isso sempre acreditamos que eles foram inspirados por um retrato ou retratos feitos quando ainda era vivo", disse à BBC o historiador John Ashdown-Hill.
Alguns especialistas esperam que a descoberta dos restos mortais de Ricardo III revisite a história de seu curto reinado (2 anos) e dê crédito ao rei, um verdadeiro reformador de conquistas significativas. A descoberta de seus restos mortais suscitou vocações: os arqueólogos pediram permissão para exumar uma cova anônima em Winchester (sul) de ossos que poderiam ser os do rei Alfredo, o Grande (871-899), famoso por ter organizado a defesa do reino contra os vikings.