Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Terra ruim para plantar alimentos pode ser boa para gerar etanol

Pesquisadores americanos defendem que a produção de biocombustível de segunda geração, fabricado a partir de plantas como capim, ocorra em áreas degradadas. Além de economicamente viável, a estratégia beneficiaria o meio ambiente



A bioenergia, baseada principalmente no etanol e no biodiesel, é uma das maiores apostas para livrar o mundo dos caros e poluentes combustíveis fósseis. Mas, para isso, ainda é preciso resolver um problema crucial: como aumentar e baratear a produção sem reduzir as áreas reservadas ao plantio de alimentos nem degradar o meio ambiente? Em artigo publicado na mais recente edição da revista Nature, pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, defendem que uma alternativa extremamente eficiente é a utilização das terras marginais, também conhecidas como terras degradadas.

Atualmente, grande parte da matéria-prima dos biocombustíveis é produzida em terrenos agrícolas férteis. Nos Estados Unidos, por exemplo, o milho é a principal fonte para a produção de etanol, e a soja, para biodiesel. As duas culturas, entretanto, dependem de qualidades específicas do solo, adequadas à agricultura alimentar. Além disso, o milho é uma cultura aplicada essencialmente para a alimentação e muito menos eficiente para produção energética do que a cana-de-açúcar, utilizada no Brasil. Dessa forma, para que o biocombustível desponte, seria preciso investir em outras formas de cultura e repensar a área de cultivo, sugere Ilya Gelfand, principal autora do artigo.

Numericamente, a pesquisadora mostra que as terras degradadas ; e, por isso, não aproveitáveis para a agricultura ; podem ser extremamente rentáveis para a produção do etanol de segunda geração, produzido a partir de vegetações como capins e outras herbáceas selvagens. Os cálculos apresentados por Gelfand apontam para um potencial de 215l de etanol por hectare.