;A ligação entre infecções precoces e a enfermidade já havia sido sugerida, mas as pesquisas anteriores trazem resultados inconclusivos. Um importante fator que conseguimos mostrar é que existe um efeito sinérgico a partir da quantidade de glúten ingerida;, explica Anna Myléus, autora principal do estudo. Segundo ela, quanto mais glúten uma criança com muitas infecções consumir, mais potente será o efeito maléfico sobre a saúde dela. A combinação dos dois, nesse caso, é muito mais explosiva do que a soma individual de cada um dos fatores de risco. Além disso, a situação piora ainda mais se a mãe tiver interrompido cedo o aleitamento e, logo depois, acrescentado o glúten à dieta do bebê. Na categoria dos alimentos que devem ser eliminados pelos celíacos entram quase todos os itens industrializados, já que o glúten é nada menos do que a principal proteína presente no trigo, na aveia, no centeio, na cevada e no malte.
Segundo os pesquisadores, um importante aspecto a ser ressaltado do estudo é a importância do aleitamento materno na redução do risco para a doença do glúten, especialmente entre as crianças que sofrem com infecções frequentes. ;O leite materno protege a criança predisposta, e a introdução do glúten deve ser feita em pequenas quantidades ainda durante a amamentação contínua;, reforça Myléus. De acordo com a pediatra e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) Lenora Gandolfi, é essencial a conscientização para que as mães voltem a amamentar os filhos de forma exclusiva. ;A mulher está perdendo isso, ela já cresce em uma sociedade em que tem que competir, que trabalhar e, desde a Revolução Industrial, é comum que ela deixe seus filhos com a ama de leite. A amamentação tem que ser um ato espontâneo;, pondera.