Se alguém, por um motivo qualquer, tivesse passado os últimos 10 anos dormindo e acordasse no fim de 2012, certamente teria uma surpresa com o destaque dado a personalidades negras no país e no mundo. Essa pessoa veria o rosto de Barack Obama estampado na capa da revista Time, e descobriria que o homem de raízes africanas, eleito personalidade do ano pela publicação, comanda a mais poderosa nação do mundo. No Brasil, ela testemunharia os elogios frequentes feitos nas ruas e nas redes sociais a Joaquim Barbosa, e saberia que um afrodescendente preside hoje a mais alta Corte do país, o Superior Tribunal Federal (STF).
Mesmo que Obama e Barbosa possam ser considerados casos excepcionais, suas histórias estão conectadas a um movimento real ; ainda que lento ; de ascensão dos negros em vários países. Aos poucos, eles deixam de ser importantes apenas nas artes e nos esportes (áreas às quais pareciam limitados pelo preconceito social) e passam a influenciar os destinos da economia, da política e do pensamento mundial. Esse processo dá esperanças de que uma sociedade mais igualitária esteja se formando e, a curto prazo, tem um impacto direto na autoestima dessa população, que passa a não ter mais vergonha de assumir sua origem.