A pessoa nem está com fome, mas vê uma caixa de bombons e, sem perceber, devora todos os chocolates. Ou então avança no pacote de salgadinhos, deixando para trás só os farelos. Diferentemente da compulsão alimentar, que ocorre regularmente, esse comportamento surge de vez em quando. É o chamado comer em binge, descrito como um distúrbio na quarta edição do Manual de Estatística e Diagnóstico dos Transtornos Mentais.
Uma pesquisa publicada no jornal especializado Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine alerta que crianças e adolescentes que se encaixam nesse perfil correm mais risco de, em um futuro próximo, começarem a usar maconha e outros tipos de droga. De acordo com Kendrin R. Sonneville, principal autor do estudo e pesquisador do Hospital Infantil de Boston, o comedor em binge não tem o hábito diário de ingerir mais alimentos do que precisa. Contudo, eventualmente, sente uma necessidade patológica de comer muito de uma vez só. ;Isso demonstra uma forte falta de controle momentâneo, um fator de risco para outros vícios;, conta.
Para verificar se comer em binge pode estar associado ao uso futuro de drogas, a equipe de Sonneville acompanhou 16.882 crianças e adolescentes de 9 a 15 anos, que participaram de um estudo epidemiológico chamado Growing up today (Crescendo nos dias de hoje). De 1996 a 2005, eles responderam a questionários a cada 12 ou 24 meses nos quais relataram hábitos de consumo alimentar, alcoólicos e de substâncias ilícitas. Sintomas de ansiedade e de depressão também foram avaliados.