Washington - O degelo das camadas polares aumentou o nível do mar em 11,1 milímetros nas duas últimas décadas, o que constitui a medida mais definitiva até agora do impacto das mudanças climáticas, anunciou esta quinta-feira (29/11) uma equipe internacional de cientistas.
Houve mais de 30 estimativas sobre o encolhimento das camadas de gelo polares. Mas estes números costumavam ser vagos, com variações muito amplas e estudos que se contradiziam, explicaram.
O grupo de cientistas publicou esta quinta-feira a estimativa até agora mais precisa sobre os degelos polares desde 1992, que provocaram um aumento de 11,1 milímetros do nível dos mares ou 20% da elevação do nível das águas dos oceanos registrado desde então.
Cerca de dois terços dos degelos ocorreram na Groenlândia e no restante na Antártida, afirmaram estes cientistas, baseados em imagens de satélite da Nasa e da agência espacial europeia, ESA.
Esta última estimativa se situa dentro da escala estabelecida pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), no relatório publicado em 2007.
No entanto, destacaram os cientistas, as distâncias nesta escala eram tão grandes que na época era impossível determinar se a massa de gelo antártico estava derretendo ou se expandindo.
Três vezes mais perda de gelo
As estimativas divulgadas esta quinta-feira, muito mais precisas, confirmam que Antártida e Groenlândia, as duas maiores reservas de gelo do planeta, perderam massa desde 1992 por causa do aquecimento da superfície terrestre e que o degelo se acelerou.
Os cientistas usaram desta vez dados de até dez satélites diferentes desde 1992, fazendo coincidir cuidadosamente os períodos de tempo e as localizações geográficas para realizar uma avaliação mais abrangente.
Em conjunto, Groenlândia e Antártida perdem hoje, em conjunto, três vezes mais gelo do que nos anos 1990, fazendo com que sua contribuição à elevação do nível dos mares tenha crescido de 0,27 para 0,95 milímetros ao ano.
"As mudanças na massa de gelo acumulada nos mantos gelados dos polos são são importante porque são a medida das mudanças no clima e afetam diretamente os níveis dos oceanos", afirmou Andrew Shepherd, da Universidade da Inglaterra.
O ritmo do degelo aumentou muito mais na Groenlândia, onde quintuplicou, destaca Erik Ivins, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa em Pasadena, Califórnia, um dos principais co-autores deste estudo, a ser publicado na edição desta sexta-feira da revista americana Science.
Ao contrário, as modificações da massa de gelo na Antártida foram menores. As perdas notáveis registradas no oeste do continente foram compensadas em parte por aumentos no leste.
No total, a elevação do nível dos mares foi de cerca de 3 milímetros ao ano, em média, nestas duas últimas décadas, o que se atribui em sua maior parte à expansão térmica da água.
"Agora devemos entender melhor a física das placas de gelo durante o período que acabamos de observar, com a finalidade de elaborar modelos capazes de prever, em maior grau, a elevação do nível dos oceanos até o fim do século", disse Erik Ivins.