Rio de Janeiro ; Para marcar o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, comemorado nesta sexta-feira (23/11) hospitais, institutos e entidades promovem na cidade uma série de ações pela promoção do diagnóstico precoce. A iniciativa é fruto da política pública Unidos pela Cura, adotada há oito anos por todos as instituições envolvidas na promoção do diagnóstico precoce e no encaminhamento e acolhimento de crianças com câncer no estado.
Roberta Marques, diretora do Instituto Desiderata, uma das entidades que integram a rede Unidos pela Cura, acredita que o maior desafio é a capacitação de pediatras e agentes de saúde para diagnosticar precocemente a doença. ;Apesar de o câncer infantil ser a doença que mais mata crianças, ela é um pouco rara e os sintomas se confundem com os de outras doenças. É preciso trabalhar a capacitação para que os médicos suspeitem que aquele sintoma [seja de] câncer. Acho que esse é o principal caminho;, comentou. ;Há também alguns gargalos na realização de exames e diagnóstico, há filas de espera, mas o Rio tem avançado muito nesse sentido;.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer infantojuvenil é a primeira causa de morte por doença na faixa entre 5 e 19 anos. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado aumentam as chances de cura para até 80% dos casos, informou Roberta. Além de atividades lúdicas com as crianças internadas e de palestras, a programação inclui a formatura de 800 profissionais da área de saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, dentistas e agentes comunitários de saúde, que foram capacitados para suspeição precoce do câncer infantojuvenil.
Segundo a chefe da Hematologia do Hemorio, Cláudia Máximo, nos últimos anos houve melhorias visíveis no atendimento e na estrutura hospitalar para o diagnóstico, desde a criação da Unidos pela Cura, mas ainda faltam vagas para crianças com câncer, pediatras capacitados para o diagnóstico precoce, hematologistas pediátricos, dados estatísticos sobre esse grupo e várias outras carências na rede de saúde.
;O mecanismo de encaminhamento das crianças para os centros de diagnóstico ainda está muito incipiente, a demora para se conseguir fazer exames de imagem é um problema sério também, sobretudo, para os tumores do sistema nervoso central, mas temos mais aparelhos hoje do que há cinco anos;, diz a médico.
Outras questões que preocupam os participantes da rede Unidos pela Cura são o acesso ao tratamento e a humanização dele. Entretanto, dados divulgados pelo Desiderata mostram que a maior participação das unidades de saúde da atenção primária vem contribuindo para aumentar o diagnóstico precoce no Rio de Janeiro.
Roberta Marques lembrou que a participação da sociedade civil tem sido uma aliada na luta pelo diagnóstico precoce, no apoio à Secretaria de Saúde, na capacitação de profissionais da Estratégia Saúde da Família e na compra de equipamentos a partir de doações aos hospitais públicos especializados no tratamento ao câncer infantojuvenil no Rio.
;O Instituto Desiderata também investe na qualidade do tratamento e, desde 2007, temos humanizado algumas salas. Por exemplo, decoramos uma sala de exames de tomografia com o tema de submarino. A ideia é que a criança tenha um acolhimento mais apropriado à sua idade para que ela sofra menos e tenha menos rejeição para o tratamento de quimioterapia, que é longo;, comentou.