Os A. bahrelghazali são considerados os mais obscuros australopitecíneos, devido ao pouco material fóssil encontrado até hoje. O estudo britânico se tornou possível graças ao material encontrado em 1993 pelo paleontólogo francês Michel Brunet, em Bahr el Ghazal, no Chade. A partir da análise da concentração de isótopo de carbono nessas peças, os pesquisadores revelaram que, ao contrário de outros grandes primatas, a espécie se alimentava de plantas C4, cujo principal representante na época eram plantas rasteiras. ;O resultado sugere que os primeiros hominídeos eram capazes de reconhecer e explorar novos alimentos desde muito cedo na história evolutiva. Isso não só lhes permitiu explorar muito hábitats como também marcou a diferença entre eles e os seus primos: os grandes primatas;, explica ao Correio Julia Lee-Thorp, principal autora do artigo.
Para Bernardo, como o continente africano sofreu severas mudanças ambientais entre 4,5 milhões e 2,5 milhões de anos atrás, resultando em um processo de savanização, fica claro que a oferta de plantas C4 naquele momento tornou-se mais abundante. ;Os hominíneos capazes de consumir esses vegetais desfrutaram, ainda que momentaneamente, de um nicho ecológico mais abundante do que aquele disponível aos indivíduos que só consumiam plantas C3. Evolutivamente, tal característica é pertinente, pois representa uma vantagem na aquisição de energia;, reforça. Dessa maneira, ao consumir essas plantas, os A. bahrelghazali aproveitaram os recursos disponíveis de maneira mais eficiente.