Em torno de 60 países incluíram a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) nos programas de imunização. Na América Latina, Argentina, Panamá, México, Colômbia, Peru e Ilhas Caimã passaram na frente do Brasil e administram doses imunizantes em meninas desde a infância. Alguns desses países apresentam redução de até 90% na incidência de verrugas genitais e, segundo pesquisadores, possivelmente o número de mulheres acometidas com o câncer do colo do útero deverá acompanhar esses resultados a longo prazo. Mas há uma questão que divide essas nações. Existem dúvidas sobre a escolha do composto ideal para combater o vírus. Pesquisa divulgada, neste mês, na revista The Lancet traz elementos que vão inflamar o debate: a vacina bivalente, que teoricamente combate uma menor quantidade de tipos do HPV, tem uma eficiência geral maior contra o câncer de colo do útero que a quadrivalente, segundo cientistas da Agência de Saúde Pública do Canadá.
Aproximadamente 90% de todas as ocorrências de câncer de colo do útero no mundo são causados pelos tipos 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58 do HPV, sendo que, juntos, os dois primeiros são responsáveis por cerca de 70% dessa incidência. Mais barata, a vacina bivalente foi criada exatamente para atuar nesses principais casos de câncer, relacionados aos tipos 16 e 18. A quadrivalente combate os dois da bivalente e os tipos 6 e 11, responsáveis por manifestações do condiloma culminado, popularmente conhecido como verrugas genitais.