Há mais de 2 bilhões de anos, os níveis de oxigênio livre na atmosfera da Terra eram insuficientes para a formação da vida diversificada e complexa como a existente hoje. O surgimento dos ancestrais da fauna atual só teria sido possível com uma mudança nos ares do planeta: um crescimento, ainda inexplicado, da concentração do gás, que alimentaria seres com sistemas respiratórios mais complexos e eficientes. Desde que essa teoria foi proposta, no século passado, muitas discussões foram levantadas. Alguns especialistas questionaram se o aumento de oxigênio livre estava mesmo ligado ao surgimento de animais mais complexos, pois estimava-se que a oxigenação tivesse ocorrido entre 580 milhões e 550 milhões de anos atrás, quando a diversificação de anfíbios e seres terrestres já havia sido iniciada.
Agora, evidências encontradas na China indicam que o aumento nos níveis de oxigênio possa ter ocorrido 50 milhões de anos antes do que se pensava. Os dados foram obtidos a partir do estudo de três depósitos de xistos retirados da formação Doushantuo e examinados pelo professor de geologia Ganquing Jiang, da Universidade de Nevada, nos Estados Unidos. As amostras, datadas entre 635 milhões a 630 milhões de anos, têm uma abundância de metais que podem ter se acumulado em um ambiente com uma alta concentração de oxigênio. Com isso, ganha força a teoria de que foi a mudança de ambiente que levou à transformação de bichos e plantas.