Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Sequenciamento de 'DNA lixo' deve trazer avanços no tratamento de doenças

Se os cientistas imprimissem em papel os dados revelados pelo Projeto Encode, um consórcio de cinco países que desvendou a parte não funcional do genoma, eles teriam um calhamaço de 30km de largura por 16m de altura, preenchido por intermináveis sequências de letras. Naquele dicionário entediante, porém, estão as informações que, no dia a dia terão um impacto enorme sobre a saúde de milhões de pessoas que sofrem de doenças para as quais ainda não existe cura, como câncer e diabetes. Embora o estudo do DNA não funcional tenha diversas aplicações científicas, os pesquisadores envolvidos no projeto destacaram que os ganhos para a medicina são, de longe, os mais importantes.

;Assim como o sequenciamento do genoma humano ajudou cientistas a saber como as mutações nos genes que codificam as proteínas provocam algumas doenças, o mapeamento das regiões não codificadoras vai nos dar respostas sobre a associação de problemas nas regiões reguladoras com outros tipos de males;, diz Manolis Kellis, professor do Departamento de Biologia Computacional do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e pesquisador do Encode. No trabalho do instituto, publicado na revista científica Nature, descobriram-se boas pistas sobre as doenças autoimunes, aquelas nas quais o organismo começa a se atacar. As variantes associadas ao desenvolvimento desses males foram encontradas nas partes ativas das células do sistema imunológico. Aprender como desligar o interruptor que controla os genes pode significar, por exemplo, a cura para problemas como lúpus e artrite reumatoide.