Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Cientistas fazem a análise genética completa de um grupo humano extinto

A longa jornada da evolução humana tem sido contada, até agora, por coleções de ossos. Desde o século 19, com base na comparação morfológica de fósseis e, mais tarde, na datação por carbono, arqueólogos tentam reconstruir a história dos ancestrais. Essa é uma página prestes a ser virada. A partir de uma sofisticada tecnologia de sequenciamento, um grupo internacional de cientistas conseguiu extrair informações genéticas extremamente avançadas de um hominídeo com idade entre 50 mil e 80 mil anos, tendo à disposição apenas dois dentes e um fragmento de dedo bem menor que uma moeda de US$ 0,01.

A equipe de Svante P;;bo, diretor do Departamento de Genética do Instituto de Antropologia Evolutiva Max Planck, na Alemanha, anunciou na edição de hoje da revista Science o mais completo sequenciamento genético de um grupo humano extinto. ;O grau de precisão equivale aos resultados que seriam obtidos em um sequenciamento do meu genoma hoje;, explicou P;;bo, em uma teleconferência de imprensa. Desde a década de 1980, quando começou a investigar o DNA de múmias egípcias, o cientista ficou obcecado com a ideia de que o passado poderia ser reconstituído pela genética. Foi ele quem, há dois anos, sequenciou o material genético do neandertal, revelando fortes evidências de que essa espécie procriou com os humanos modernos.