São Paulo ; O volume de chuva, tanto o excesso quanto o déficit, contribui para o aumento da mortalidade infantil, aponta pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). O estudo faz uma análise espacial do estado de Pernambuco e associa as regiões mais chuvosas e mais secas à morte de crianças com até um ano de idade. Ao relacionar esses indicadores, a pesquisa observou mortalidade maior que a média estadual. No período analisado, de 2001 a 2003, a taxa era 40 mortes para cada mil nascidos vivos.
A sanitarista Aparecida Guilherme da Rocha, autora da pesquisa, destaca que, embora já existam trabalhos que relacionem a mortalidade infantil a uma situação de saneamento básico precário, não havia sido comprovada a associação disso com a oscilação pluviométrica. ;[A chuva] É mais um elemento de reforço para as mortes;, explica. Ela aponta que no período de seca, por exemplo, a água fica mais escassa e, portanto, mais sujeita à contaminação.
A pesquisadora informou ainda que regiões com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais elevado e, portanto, com melhores condições de saneamento, são menos afetadas pelo efeito da chuva. ;Na região metropolitana do Recife, por exemplo, não percebemos a associação dos casos de mortalidade com o aumento da chuva ou com a escassez. É uma região com condições socioeconômicas melhores;, avalia.
Ela ressalta que essa observação reforça a existência de outros fatores que influenciam os índices de mortalidade infantil. ;A chuva contribui sim, mas não é o único fator;, destaca. Nesse sentido, Aparecida aposta que o impacto da chuva pode ser minimizado com políticas públicas de saneamento, saúde e desenvolvimento social, focadas nos municípios mais críticos.
Na região do semiárido pernambucano, as cidades mais impactadas pela chuva foram: Camocim de São Félix, Carnaubeira da Penha, Ibirajuba, Lagoa Grande, Ouricuri, Salgueiro, Santa Cruz, São Bento do Una e Tacaratu. Na região da Mata (não semiárido), as cidades de Água Preta, Amaraji, Barreiros, Gameleira, Joaquim Nabuco, Maraial, Palmares, Paudalho, Ribeirão, Rio Formoso, São José da Coroa Grande, Tamandaré e Xexéu tiveram mais mortes relacionadas ao volume de chuva.