São Paulo ; A exposição de recém-nascidos à poluição acarreta reação exacerbada a estímulos alérgicos na fase adulta, aponta pesquisa do Departamento de Farmacologia da Universidade de São Paulo (USP). De acordo com a professora Soraia Pereira Costa, o estudo constata que os poluentes das grandes metrópoles deixam os indivíduos predispostos ao desenvolvimento de inflamações alérgicas, como a asma.
A pesquisa comparou a trajetória de camundongos expostos a uma substância resultante da combustão do diesel durante a fase neonatal e outro grupo de animais protegidos da poluição. Os animais mantidos na área poluída foram expostos durante 15 minutos, em três dias alternados, a um ambiente com baixa concentração do poluente 1,2-naftoquinona (1,2-NQ).
Na fase adulta [dois meses após o nascimento], todos os camundongos foram submetidos a outra prova: receberam a proteína ovoalbumina, capaz de desencadear inflamações alérgicas. ;O grupo submetido a poluição desenvolveu inflamação mais potente, se comparada aos que não foram expostos;, explica Soraia Costa. Ela destaca que qualquer estímulo ambiental desencadeará reação inflamatória pulmonar, alérgica ou não, muito mais intensa.
[SAIBAMAIS]A pesquisadora explica que isso ocorre porque, nos indivíduos expostos à poluição, há forte aumento da expressão e ativação dos receptores TOLL 4 no pulmão. Estes receptores são associados a resposta inflamatória. Para a professora, os resultados podem explicar a grande incidência de doenças inflamatórias do pulmão em pessoas que nascem e vivem em áreas com alto teor de poluição atmosférica. A exposição alérgica, que nos camundongos foi feita com uma proteína encontrada no ovo, está presente na vida humana em diversas substâncias, como pólen, pelo, entre outros, informou a professora.
;Muitos estudos apresentaram dados epidemiológicos e clínicos na relação dessas doenças com a poluição, mas não ficava deixava claro qual o poluente envolvido nisso; reforça a pesquisadora. Soraia Costa destaca que estudo aponta o caminho para o desenvolvimento de medicamentos capazes de bloquear esses receptores. ;Identificamos os efeitos para que no futuro sejam desenvolvidas ferramentas farmacológicas e terapêuticas;, disse.