Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Cupins idosos em colônias se autoexplodem para proteger resto da colônia

No mundo dos insetos, a razão supera a sensibilidade. Os indivíduos mais velhos, que já não conseguem fazer o duro trabalho dos operários, são mandados para o front. A lógica: de alguma forma, é preciso colaborar com o grupo. Como as mandíbulas gastas dificultam a alimentação, eles se tornam um fardo. O jeito de resolver isso é mandá-los para fora do ninho, onde podem, ao menos, ajudar na proteção dos demais. Os bravos ;idosos; assumem a nova tarefa e, tal como os pilotos camicases da Segunda Guerra Mundial, se sacrificam pelos outros. Na presença do inimigo, eles explodem, lançando no ambiente substâncias tóxicas e venenosas.


A última missão de uma espécie de cupim foi descrita na edição de hoje da revista Science. Um grupo de pesquisadores da República Tcheca, da Bélgica e do Japão estudou o comportamento suicida dos Neocapritermes taracua, que vivem na região neotropical, inclusive, no Brasil. O autossacrifício não é uma exclusividade dessa espécie. Outros insetos têm ação semelhante, como as formigas camicases, do sudeste asiático. Elas contêm uma substância tóxica dentro do corpo e, em situações de risco, se explodem para lançar o veneno que imobiliza o predador. Também asiático, o cupim Globitermes sulphureus primeiro captura o inimigo com a mandíbula para, então, romper glândulas de seu abdômen, que produz uma substância amarela e tóxica. Além de matar o adversário, esse líquido tem um cheiro que ajuda a avisar os outros sobre o perigo.