Belo Horizonte ; Estão prestes a estourar no Brasil as sequelas de um surto mundial silencioso que, aqui, tem tido como principais alvos crianças e adolescentes de classe média. Adultos também integram o grupo. Apontadas por muitos como o veneno da atualidade, mas aceitas por outros como solução mais acertada para o tratamento do transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH), as ;drogas da obediência; ; assim conhecidos os medicamentos que têm como princípio ativo o cloridrato de metilfenidato ; têm sido consumidas em larga escala no Brasil, que tem o título de segundo maior consumidor mundial do psicotrópico e onde, só em 2009, cerca de 2 milhões de caixas das pílulas foram vendidos. A projeção feita por especialistas é de que, em 2012, esses números sejam muito mais altos.
Para piorar o cenário, não há consenso sobre o uso dos medicamentos. Há médicos que o defendem, garantindo que os remédios cumprem sua função para quem sofre do transtorno; do outro lado, gente que teme o pior ao comparar os efeitos das doses aos da cocaína, alertando que meninos e meninas que usam a droga correm risco de morte. Diante do quadro, em que muitos médicos preocupados com o futuro da nova geração chegam a duvidar até mesmo da existência do TDHA ; distúrbio neurológico identificado, na maioria das vezes, na idade escolar, em crianças e adolescentes desatentos, agitados e com dificuldades de aprendizagem ;, o Correio/Estado de Minas publica a partir de hoje uma série de reportagens sobre o uso desenfreado das medicações, conhecidas comercialmente como Concerta e Ritalina.