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Ciência e Saúde

Shenzhu IX retorna à Terra após uma missão espacial bem-sucedida

Pequim - Os três astronautas da missão Shenzhu IX, entre eles pela primeira vez uma mulher, aterrissaram nesta sexta-feira na Mongólia interior, no noroeste da China, ao fim de uma missão bem-sucedida de 13 dias.

A rede de televisão CCTV mostrou os homens das equipes de salvamento se dirigindo aos locais de pouso às 10h locais (23h de Brasília), em uma zona desértica, enquanto os líderes do país comemoraram quando os membros da tripulação saíram da cápsula sorrindo e aparentando estar em bom estado de saúde.

"Esta é mais uma contribuição notável feita pela nação chinesa para a exploração humana e para o uso do espaço", afirmou o primeiro-ministro, Wen Jiabao, lendo uma declaração que representa todos os líderes.

"Tem profundo significado para reforçar o poder global da China e inspirar o espírito nacional", acrescentou.

Com os eventos sendo transmitidos em todo o país pela televisão estatal, os membros da tripulação passaram mais uma hora dentro da cápsula, enquanto as equipes médicas verificavam seu estado de saúde.

Quando os três foram finalmente retirados ainda vestindo suas roupas espaciais, eles acenaram, sorriram e fizeram sinal de positivo com os polegares, falando, em seguida, comentários patrióticos para o público que assistia às imagens de casa.

"Realizamos com sucesso a primeira missão tripulada de acoplamento para a China e agora voltamos para casa", afirmou o líder da tripulação, Jing Haipeng, de 45 anos.

"Obrigado ao nosso país, obrigado pelo cuidado e pelo amor das pessoas de todos os grupos étnicos do país. Obrigado".

Liu Yang, de 33 anos, a primeira mulher chinesa a ir ao espaço, também estava bem disposta, e disse que se sentiu "acolhida e confortável" durante a viagem.

A missão Shenzhu IX permitiu à China realizar o primeiro acoplamento manual em órbita e marca uma etapa importante no programa de voos tripulados que busca dotar este país de uma estação orbital habitada em 2020.

Entre os três "taikonautas" participantes da missão espacial mais ambiciosa da história da China estava a primeira mulher enviada ao espaço pelo país, Liu Yang, nova heroína para seus mais de dois bilhões de cidadãos.

No domingo, a China conseguiu realizar seu primeiro acoplamento manual entre a Shenzhu IX ("Nave divina") e o módulo Tiangong-1 ("Palácio celeste"), em órbita terrestre, principal tarefa da tripulação desta quarta missão espacial tripulada chinesa.

A manobra é muito delicada. Os dois veículos giravam ao redor da Terra a 28.000 km/h e podiam ficar destruídos em caso de colisão.

"Era a missão espacial mais longa e complexa para a China", declarou Morris Jones, especialista do programa espacial chinês baseado na Austrália.

O domínio dos voos espaciais em órbitas terrestres é uma etapa crucial da conquista espacial que russos e americanos superaram nos anos sessenta.



O programa chinês de voos espaciais tripulados, um dos grandes orgulhos do país que tem como prioridade recuperar seu atraso tecnológico, tem por objetivo criar em uma década uma estação espacial na qual uma tripulação possa viver durante vários meses, seguindo o modelo da antiga estação espacial russa Mir ou da Estação Espacial Internacional (ISS).

A China investiu cerca de 2,4 bilhões de euros neste programa desde a Shenzhu VIII, lançada em 2008, até a próxima missão, Shenzhu X, uma soma considerada muito módica.

A China também está implementando um programa para chegar à Lua chamado de "Chang;e" e já lançou duas sondas lunares (2007 e 2010) com o objetivo de ser o primeiro país asiático a colocar os pés no satélite da Terra.