;No mar estava escrita uma cidade.; A frase de Carlos Drumond de Andrade, eternizada junto da sua escultura na Praia de Copacabana, resume a íntima relação entre a natureza e o Rio de Janeiro, metrópole que cresceu entre montanhas e praias, entre o oceano e a floresta. A cidade exaltada pelo poeta, e por tantos outros artistas do mundo, pode em breve se tornar não apenas uma joia dos brasileiros, mas um patrimônio da humanidade, chancela conferida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) aos lugares de valor inestimável no planeta. A candidatura carioca ao título será um dos assuntos em pauta na 36; Sessão do Comitê Mundial do Patrimônio (WHC, na sigla em inglês), que começa hoje e segue até 6 de julho em São Petersburgo, na Rússia. No encontro, serão debatidos outros temas de interesse do Brasil, como possíveis ameaças ao Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, e ao Parque Nacional das Emas, entre Goiás e Mato Grosso do Sul. É nessa reunião ainda que será entregue o relatório sobre o tombamento de Brasília, apesar de não haver previsão de discussão sobre o texto.
Assim como, em 1987, Brasília fez história ao ser o primeiro monumento moderno a ser reconhecido como bem mundial, quebrando o paradigma de que apenas sítios antigos poderiam receber a chancela, a candidatura carioca também tem um quê de ineditismo. Caso o Rio seja reconhecido, será a primeira vez que uma paisagem cultural urbana receberá o título. A cidade já foi candidata duas outras vezes. Na primeira, em 2001, devido à forma sem precedentes do pedido, a Unesco solicitou mais detalhes ao Brasil. Há três anos, a cidade tentou uma candidatura mista ; como bem cultural e ambiental ;, mas o órgão da ONU sugeriu que os bens culturais da cidade recebessem atenção especial.