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Ciência e Saúde

Novo tratamento ajuda a pessoa que sofre com problemas de zumbido

Paris - O zumbido, aquele ruído persistente e incômodo nos ouvidos que pode arruinar a vida das pessoas, pode ser aliviado significativamente com uma nova combinação de tratamentos, segundo artigo publicado na edição desta sexta-feira (24/5) da revista médica The Lancet.

A técnica usa treinamento psicológico e terapia auditiva em pequenos grupos para reduzir o incômodo e fazer a mente voltar a se concentrar de forma que não se fixe no som.

Pesquisadores holandeses a testaram em 245 adultos com zumbido, enquanto outros 247 receberam "cuidados usuais", significando que foram encaminhados para acompanhamento padrão em uma clínica auditiva.

Após 12 meses, os pacientes do grupo que recebeu cuidados especiais tiveram uma melhora de 33%, em média, dos problemas causados pelo zumbido, em comparação com um ganho de 13% no grupo que recebeu "cuidados usuais".

O grupo dos cuidados especializados também viu melhoras significativas na qualidade de vida e no incômodo, segundo medições feitas a partir de questionários cientificamente validados.

A pesquisa foi conduzida por Rilana Cima e Johan Vlaeyen, da Universidade de Maastricht.

"Nós não fazemos nada com relação ao som em si", explicou Cima. "Mesmo que as pessoas ainda ouçam o som após a intervenção, elas dizem se sentir curadas. Eu digo aos meus pacientes, ;o zumbido precisa ser como um sapato no seu pé - tem que ser algo que você sente continuamente se quiser, mas não (sente) se o neutraliza", acrescentou.

Estima-se que um quinto dos adultos seja afetado pelo zumbido em algum momento da vida, mas os tratamentos são caros e não há indícios que demonstrem sua eficácia.

Cima reconheceu que o tratamento parece caro, visto que demanda a ajuda de alguns especialistas trabalhando em pequenos grupos por longo prazo.
"É caro, mas fizemos uma longa análise econômica e, de uma perspectiva social, é apenas um pouco mais caro do que o cuidado usual", afirmou.

Em um comentário, o especialista alemão em zumbidos, Berthold Langguth, da Universidade de Regensburgo, disse que as técnicas individuais usadas na pesquisa holandesa não eram novas em si.
O que é novo, afirmou, foi a forma como os tratamentos foram combinados por uma equipe multidisciplinar, cujos resultados foram, então, examinados com rigor.

Enquanto não há cura, o experimento foi amplamente benéfico, marcando "o fim do nihilismo terapêutico" com relação ao zumbido, afirmou.