A terapia foi desenvolvida pelo biofísico Peter Levine, diretor do Instituto de Experiência Somática do Trauma, nos Estados Unidos. Ele explica ao Correio que os transtornos do trauma apresentam vários sintomas, inclusive físicos. ;A pessoa pode sentir dores de cabeça constantes sem nenhum motivo aparente, desenvolver tiques nervosos, ter paralisia facial, sofrer provisoriamente a atrofia de algum membro, ter cólicas intensas, irritação, ansiedade, medo, insegurança, explosões de raiva, depressão e incapacidade para lidar com as frustrações do dia a dia;, enumera. Todas essas sensações, contudo, geralmente são reprimidas pela própria pessoa, com medo de parecer emocionalmente vulnerável.
PALAVRA DO ESPECIALISTA
O papel da oxitocina contra o trauma
A oxitocina é conhecida como um hormônio dos mamíferos ligados ao nascimento e à lactação. É amplamente usada para induzir ou aumentar o trabalho de parto. Além disso, é dada à mãe após o parto, para reduzir a hemorragia uterina. Novos estudos mostram que esse hormônio ajuda os mamíferos a superarem certos tipos de ansiedade, incluindo traumas, e pode facilitar o comportamento social. Ela é, provavelmente, uma parte do sistema de defesa do corpo contra se imobilizar ou ficar traumatizado diante de experiências altamente estressantes, como dar à luz uma criança. Minhas pesquisas com animais sugerem que a oxitocina é liberada diante de fatores estressantes intensos. Em algumas pessoas, ela inclusive reduz as reações exageradas a fortes desafios. Quando ela é oferecida como tratamento, parece aumentar a atenção social e pode ativar partes do sistema nervoso autônomo que é "calmante". É importante notar, porém, que algumas pessoas reagem de maneira contrária na presença da oxitocina. Embora ela não possa ser usada como uma droga, já que faz parte do sistema de defesa natural do corpo, é importante compreender as condições naturais e comportamentais que liberam esse hormônio. Conhecer os mecanismos pelos quais a oxitocina age podem nos ajudar a entender o comportamento humano e nos ajudar a criar tratamentos que tenham o comportamento como base, a fim de prevenir ou reverter os efeitos dos traumas.
Sue Carter, neuroendocrinologista, professora de psiquiatria e vice-diretora do Brain-Body Center da Universidade de Illinois em Chicago.