Belo Horizonte ; Foram 15 anos sofrendo com uma dor insuportável na cabeça que começou quando a administradora de empresas Daniela Paula Bueno, de 36 anos, tinha 21 anos. No início, ela sentia o incômodo de duas a três vezes por semana. Aos 26 anos, ele ficou insuportável, doendo diariamente. Para se livrar do tormento da enxaqueca crônica, eram necessários 12 analgésicos por dia. A busca por tratamento adequado com homeopatas, acupunturistas, cerca de 20 visitas a diferentes neurologistas e duas internações em São Paulo lhe rendeu um gasto de mais de R$ 40 mil. A solução foi encontrada há 45 dias, quando o neurologista Henrique Carneiro, secretário da Sociedade Mineira de Cefaleia, apresentou à paciente a toxina botulínica, mais conhecida comercialmente como botox. ;Estou bem confiante, são poucos dias de tratamento e consegui ficar uma semana sem analgésico;, comenta Daniela.
O botox, que no Brasil é conhecido especialmente para os tratamentos estéticos, foi liberado para o uso em enxaquecas crônicas, que são as dores que se mantêm por mais de 15 dias por mês, em um período maior que 90 dias, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Carneiro, especialista em cefaleia, aplicou o botox na administradora mineira apenas uma vez. São 31 pontos na cabeça próximos às terminações nervosas em cinco áreas: têmporas, testa, nuca, pescoço e ombros. O médico explica que, no local onde a toxina é aplicada, há um efeito de paralisia, um bloqueio entre o nervo e o músculo, chamado de bloqueio neuromuscular. A inibição de várias substâncias, inclusive as inflamatórias, causa a sensação de alívio. Já que a enxaqueca é uma inflamação, ela é inibida pelo uso do medicamento, evitando que cause a crise de enxaqueca.