Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Voluntária sem fronteiras, professora roda o mundo praticando boas ações

Belo Horizonte ; ;Não são cinco estrelas. São um milhão delas.; O pensamento veio à mente de Eugênia Ribeiro Valadares, 51 anos, quando estava em uma rede à beira do Rio Unini, um dos afluentes do Amazonas. Longe de oferecer uma acomodação cinco estrelas, aquela noite em plena Floresta Amazônica está entre as melhores lembranças dessa pediatra e geneticista nascida em Aracaju e criada em Belo Horizonte, onde trabalha pela universalização dos serviços de saúde, principalmente para atender crianças portadoras de doenças raras. O céu estrelado era a natureza coroando a opção que ela fez, desde 1984, quando se formou, pela medicina social. Eugênia não vê problema em trocar banheiras em hotéis de luxo por banhos de rio, camas com lençóis de linho por redes de balanço, laboratórios com equipamentos de ponta por consultórios montados em barcos ou barracas de acampamentos.

Professora adjunta do curso de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ela já viajou os quatro cantos do mundo para cuidar de pessoas que estão às margens de um sistema de saúde. Atuou como voluntária em estados brasileiros nos quais há deficit de médicos, como Rondônia ou Maranhão, e em localidades menos assistidas, como Ilha de Marajó e Santarém, no Pará. No Amazonas, percorreu o rio mais extenso e com maior vazão do mundo para atender a população ribeirinha, que, com pouca assistência do Estado, fica sujeita à própria sorte. Fora do Brasil, atuou em áreas devastadas por terremotos e pela pobreza, como Haiti, na América Central, e Camboja, na Ásia.