Paris - Cientistas do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN, sigla em francês) registraram, pela primeira vez e em tempo real, o movimento de dois átomos no interior de uma molécula, o que durou um milionésimo de bilionésimo de segundo, segundo artigo publicado na revista cientígiva Nature.
De acordo com o artigo, divulgado nesta quarta-feira (7/3), os cientistas bombardearam moléculas de nitrogênio e de oxigênio com laser, que interceptou um dos elétrons gravitando ao redor de uma molécula antes de retornar à sua órbita natural, provocando uma minúscula colisão liberadora de energia.
A energia liberada pelo elétron foi o fenômeno que os cientistas observaram e analisaram para reconstruir os movimentos dos dois átomos dentro da molécula.
Para Louis DiMauro, da Universidade de Ohio, encarregado do estudo, trata-se de uma etapa decisiva não só para observar reações químicas em tempo real, mas também para poder controlá-las.
"Graças a estas experiências, nós nos demos conta de que podemos controlar a trajetória quântica de um elétron quando se reaproxima da molécula, ajustando o laser utilizado", disse o físico.
DiMauro acrescentou que "a próxima etapa será ver se é possível dirigir o elétron para controlar a reação química".
A outra dificuldade dos cientistas será atacar moléculas mais complexas, como uma proteína. O nitrogênio e o oxigênio utilizados na primeira experiência possuem uma estrutura muito simples.
Os físicos do CERN, em Genebra, também conseguiram manipular átomos de antimatéria.
Matéria espelho daquela que conhecemos, a antimatéria ainda é muito difícil de observar, já que todo átomo de antimatéria se aniquila no contato com a matéria, produzindo uma enorme quantidade de energia.
Na teoria, a matéria e a antimatéria foram criadas em quantidades iguais nos instantes que se seguiram ao Big Bang, embora reste apenas a matéria, sem a qual o universo como conhecemos não existiria.
Os físicos tentam desesperadamente estudar a antimatéria para resolver os mistérios do processo. Eles já conseguiram capturar essas moléculas, mas manipulá-las é muito difícil porque desaparecem em contato com a matéria.
No artigo da Nature, os cientistas da Experiência ALPHA, do CERN, puderam analisar certas propriedades de átomos de anti-hidrogênio, bombardeando-os com microondas.
A energia destas microondas liberou os átomos de antimatéria da armadilha magnética que os mantinha aprisionados. Estes átomos se desintegraram em contato com a matéria, mas os físicos conseguiram medir, com a ajuda de detectores, a "digital antiatômica" deixada por esta desintegração.