Belo Horizonte ; Abril de 2005. Em Belo Horizonte, nascia Gabriella Cavalcante Lemos, gerada por meio da fertilização in vitro (FIV). A pequena, que recebeu a atenção da mídia brasileira na época, carregava uma gigante missão: salvar, por meio de um transplante de medula, a irmã mais velha, Isabella, portadora da síndrome de Fanconi. Quase sete anos depois, veio ao mundo, na semana passada, em São Paulo, também por meio de FIV, Maria Clara Reginato. A pequena deve ajudar a curar a irmã, Maria Vitória, 5 anos, portadora de rara doença do sangue, a talassemia maior, que a obriga a, a cada três semanas, se submeter a transfusões.
A mineira Gabriella e a paulistana Maria Clara, com vivências tão semelhantes, representam muito mais que histórias dignas de telenovelas: impulsionam a esperança de mais de mil brasileiros que estão na fila para encontrar uma medula óssea compatível. Só assim sobreviverão às doenças incomuns que carregam.
As meninas não vieram ao mundo única e exclusivamente para serem doadoras de medula. Nos dois casos, a família quis ter outro filho livre dos males dos primogênitos e, como segundo plano, com a possibilidade de serem, sim, possíveis doadores. Em ambas, apesar dos sete anos de diferença, foram usadas as mesmas técnicas. Uma é de diagnóstico genético pré-implantacional (PGD), que assegurou o nascimento saudável, apesar da carga adversa genética dos pais, e permitiu que, por meio da FIV, embriões fossem selecionados sem a doença dos irmãos, o que já é uma rotina em consultórios de reprodução assistida. A outra seleciona o embrião compatível para uma transfusão de medula, chamado sistema HLA. A junção dos dois métodos, que ainda não é comum no Brasil, foi o que permitiu o nascimento das crianças. As duas, além de não carregarem genes alterados dos pais, podem ser doadoras de medula para os irmãos, um avanço para a medicina brasileira.
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