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Ciência e Saúde

Traição se torna comum entre os bichos quando aparecem as dificuldades

Quem vê de fora jura que são o casal perfeito. O papai pássaro trabalha arduamente para trazer alimento para a família, enquanto a mãe protege e aquece os filhos no ninho. Eles são dedicados só um ao outro e a parceria pode durar uma vida inteira. Mas, assim como acontece com muitos seres humanos, as aparências caem por terra quando surge o famigerado teste de DNA. Pois é: nem mesmo os pássaros, famosos por sua monogamia, escaparam na malha fina da fidelidade. Cientistas acabam de descobrir que eles também pulam a cerca ; e, quanto maior a adversidade, mais frequência terão essas ;escapadinhas; extraconjugais. Para se ter uma ideia, do ninho de que cuida um macho como o do exemplo acima, pelo menos 10% dos ovos não são seus.

Há muito tempo a ciência tem olhado para o comportamento animal em busca de similaridades com os seres humanos. Nos últimos anos, as descobertas desse ramo têm sido as mais surpreendentes. Já se sabe que alguns animais, como os papagaios, são capazes de viver em monogamia, seguindo até mesmo o preceito do ;até que a morte os separe;. Observou-se também que outros, como alguns mamíferos, desenvolvem amizades duradouras que, algumas vezes, ultrapassam até mesmo as fronteiras do além, se transformando em luto. Mais que isso, agora a ciência parece entender que amor e amizade são facas de dois gumes. Onde eles existirem, existirá, também, a possibilidade de traição.

Essa hipótese guiou os trabalhos do ecologista evolutivo Carlos Botero, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Botero e sua equipe revisaram mais de 200 anos de estudos sobre o comportamento sexual dos pássaros. Observações mostraram que a monogamia é prática comum de 80% a 90% dessas espécies. Por essa razão, no início, os biólogos apostavam na fidelidade das aves. ;Tudo isso mudou quando as pesquisas genéticas se tornaram possíveis. Depois disso, revelou-se que, em alguns casos, até 100% dos filhos criados pelo pai social não eram seus;, conta Botero.

Leia a matéria completa na edição impressa deste domingo (19/2) do Correio Braziliense