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Ciência e Saúde

Scanner a laser ajuda a analisar áreas atingidas por terremotos

Pesquisadores usam scanner a laser para analisar terreno atingido por abalo e obtêm maior compreensão do processo de ocorrência dos tremores. A técnica ajudará na definição de áreas de risco e na orientação dos projetos de engenharia em regiões suscetíveis aos sismos

Quando alguém ouve a palavra terremoto, as primeiras imagens que vêm à cabeça são desastres de grandes proporções, que deixam cidades devastadas e centenas de mortos e desabrigados. O que faz, porém, com que alguns abalos causem mais destruição que outros? Além do local onde a terra treme, evidentemente, o planejamento ao fazer construções e a compreensão das falhas geológicas na região têm um importantíssimo papel nas consequências desse tipo de fenômeno. Daí a importância do estudo realizado por Michael Oskin, da Universidade da Califórnia, câmpus de Davis, nos Estados Unidos, e sua equipe, que mostraram como o sensoriamento remoto pode ser uma ferramenta eficiente para entender como os terremotos modificam o solo e ajudar os sismólogos a definirem zonas de risco.

Na pesquisa, publicada na edição de hoje da revista Science, o grupo usou um aparelho chamado Light Detection and Ranging (Lidar), scanner a laser que envia pulsos de luz para o solo e capta seu formato, para analisar a região da Serra Cucapah, no norte do México, atingida por um terremoto de magnitude 7,2 em 2010. A ideia era detectar o local exato onde o solo foi rompido durante o sismo. Eles compararam os dados obtidos com os resultados da medição feita com o aparelho em 2006 ; antes do tremor, portanto ; e descobriram que o abalo foi provocado por rachaduras simultâneas no nordeste da região, como nas falhas Borrego e Pescadores.

De acordo com Oskin, especialista em geologia, geomorfologia e geodinâmica, essa foi uma das primeiras áreas de ruptura que já haviam sido mapeadas com o scanner a ter imagens geológicas captadas logo após um terremoto. Ele explica, em entrevista ao Correio, que documentar a geometria e a mecânica de como as falhas geológicas se ligam dá aos cientistas uma ideia melhor da dimensão dos eventos que elas podem causar. ;Com isso, descobrimos como os sistemas dessas falhas interagem e aumentam para uma zona de risco;, acrescenta. Ele adverte que o registro histórico de abalos sísmicos ainda é pequeno, mas necessário para compreender o que pode ocorrer no futuro.

Leia a matéria completa nesta sexta-feira (10/09) no Correio Braziliense

PARA SABER MAIS
A partir de que magnitude um terremoto pode se tornar perigoso?
Não há um número específico que revele a partir de quanto um tremor causa perigo para a população, já que não é só a magnitude que determina o poder de destruição de um terremoto, embora seja o primeiro fator determinante. Um abalo sísmico de magnitude 7,0 na Escala Richter pode ser catastrófico, como ocorreu no Haiti em 12 de janeiro de 2010. A tragédia deixou 220 mil mortos, 300 mil feridos e 1,5 milhão de desabrigados. Mais de dois anos após a catástrofe, o país ainda não se recuperou das consequências do terremoto.
Por outro lado, o Brasil, que é notoriamente um país com poucos sismos ; e, os poucos que ocorrem, normalmente são de baixa intensidade ;, já teve um terremoto com epicentro no interior de seu continente com magnitude 7,1. O tremor, que aconteceu no Amazonas em 20 de junho de 2003, não causou nenhum dano, porque seu hipocentro foi a 500km de profundidade.
Outro fator determinante no poder de destruição dos terremotos, além da magnitude e profundidade do foco, é a qualidade das construções. Terremotos iguais e com a mesma distância de centros urbanos produzem, em diferentes países, resultados muito distintos. Tudo depende do quanto a população está preparada para enfrentá-los, como pôde ser observado nas tragédias ocorridas em 2010 no Haiti e no Chile.
Fonte: Lucas Viera Barros, chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB).