Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Relatório da OMM aponta evidências de que o mundo está mais quente



Até mesmo entre cientistas renomados existe uma desconfiança a respeito do aquecimento global. Para alguns especialistas, as medições apresentadas não são muito confiáveis, e muitos dizem que o aumento da temperatura estaria mais relacionado a um ciclo natural do planeta do que às ações humanas. Como forma de rebater essa tese, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou, durante a 17; Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP-17), um relatório com novas evidências do agravamento do efeito estufa.

Segundo o estudo, o mundo está, sim, ficando mais quente. E mais: os 13 anos com maior temperatura global, desde 1850, foram registrados na última década e meia. ;Nossa ciência é sólida e prova inequivocamente que o mundo está se aquecendo, e que o aquecimento se deve a atividades humanas;, ressaltou Jerry Lengoasa, subsecretário-geral da OMM em Durban, cidade sul-africana onde a COP-17 está sendo realizada.

Este ano foi o 10; mais quente da história, por influência do fenômeno La Niña, que surgiu de forma inesperada no Pacífico tropical no segundo semestre de 2010. Esse resfriamento natural das águas oceânicas geralmente causa uma intensificação dos padrões climáticos na Ásia/Pacífico, América do Sul e Ásia. O La Niña de 2010 foi um dos mais fortes dos últimos 60 anos, e está associado a secas no leste da África, em ilhas do Pacífico equatorial central e nos Estados Unidos, além de inundações em outros lugares do planeta.

O anúncio dos novos dados nesta semana busca sensibilizar os governos dos 194 países representados na conferência climática. Até o fim da próxima semana, negociadores, ministros e chefes de Estado tentarão produzir algum tipo de acordo para frear as emissões de gases poluentes que amplificam o efeito estufa. Cientes de que um acordo vinculante (que obrigue as nações a cumprirem as metas estabelecidas) é uma missão praticamente impossível, algumas delegações lutam para, pelo menos, aprovar uma renovação do Protocolo de Kyoto, atual acordo que expira em 2012.

O impasse político, fortemente motivado por questões econômicas, preocupa os cientistas. ;As concentrações de gases do efeito estufa na atmosfera atingiram novos recordes;, avisou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, em nota. ;Elas estão rapidamente se aproximando de níveis consistentes com o aumento de 2;C a 2,4;C nas temperaturas globais médias, o que poderá desencadear mudanças abrangentes e irreversíveis na nossa Terra, na biosfera e nos oceanos.;