A Rússia lançou ontem uma sonda espacial com o objetivo de explorar Fobos, a maior das luas de Marte, retomando assim suas missões ao Planeta Vermelho após 25 anos. Se tudo sair como planejado, o equipamento Fobos-Grunt ; que partiu do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, com a ajuda de um foguete Zenit-2SB ; deve pousar no satélite e colher amostras de sua superfície. Depois, ela decolará de volta à Terra, trazendo o material para estudo. A nave também recolherá dados sobre a atmosfera de Marte.
Para realizar esse feito, a Fobos-Grunt contém uma espaçonave que a ajudará a aterrissar, dotada de uma carga útil científica para a coleta das amostras, e um módulo para seu retorno à Terra. A sonda ainda colocará na órbita de Marte um satélite chinês chamado Yinghuo-1. Segundo o Centro Nacional de Estudos Espaciais da França (CNES), associado à agência espacial russa, Roskosmos, o veículo deve chegar ao destino em 2013 e as amostras estarão na Terra em 2014.
A Rússia considera esse lançamento de grande importância, já que se trata de sua primeira missão interplanetária depois de seu último fracasso, em novembro de 1996. Na ocasião, após uma falha da nave Proton, a sonda Marte 96 caiu no Oceano Pacífico. A última missão interplanetária bem-sucedida de Moscou data de 1986, com o lançamento das sondas soviéticas Vega para explorar Vênus e o cometa Halley.
Interesse antigo
Enquanto isso, os americanos multiplicaram suas missões interplanetárias, como a Mars Global Surveyor, em 1996, ou a Phoenix Mars Lander, em 2007. Já a Agência Espacial Europeia (ESA) lançou com sucesso, em 2003, sua primeira sonda em direção ao Planeta Vermelho no âmbito do programa Marte Expresso.
A agência espacial russa, Roskosmos, sempre esteve interessada em Fobos. Em 1988 e 1989, ela lançou as sondas Fobos 1 e 2 para sobrevoar o satélite, mas as missões foram um fracasso. Previsto para 2009, o lançamento de Fobos-Grunt foi adiado até 2011. A cada dois anos, a distância entre Marte e a Terra diminui, o que facilita os lançamentos.
;Há 25 anos que não há voos interplanetários. Se Fobos-Grunt chegar a Fobos e colocar em órbita o satélite chinês, já será um sucesso. E se conseguir amostras do solo e trazê-las à Terra, isso superará todas as expectativas;, declarou à agência France-Presse o especialista russo Igor Lisov. Em julho, a Rússia conseguiu lançar seu radiotelescópio Spektr-R, marcando sua volta à exploração das zonas afastadas do cosmos.