Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Leia a entrevista com o pesquisador Michael Webb

Quando os pesquisadores começaram a estudar criptografia biológica?
A mais famosa pesquisa nessa área foi a que Craig Venter revelou em maio passado, ele conseguiu colocar uma mensagem em uma bactéria artificial. Embora uma parte da mensagem tenha sido criptografada, a criptografia não teve base biológica. Até onde eu sei, o trabalho do professor Manuel Palacios é o primeiro relato de algo que realmente utiliza a biologia para criptografia. Para isso, não basta escrever uma mensagem utilizando a biologia, mas também utilizando propriedades biológicas, como resistência a antibióticos, para criptografar a mensagem.

Quais seriam as vantagens de usar a criptografia biológica?
A mensagem escrita em bactérias pode escapar completamente da atenção de alguém que esteja à procura de mensagens mais tradicionais. Mesmo que eles percebam que há uma mensagem, teriam mais dificuldade de decodificação do que em uma mensagem normal. Eles poderiam, por exemplo, usar o antibiótico errado para tentar decodificar a mensagem, o que faria com que a mensagem se autodestruísse.

Quais seriam as aplicações dessa técnica?
A aplicação mais óbvia seria passar mensagens no campo da inteligência.

Nos EUA, quem está interessado em investigar esse tipo de técnica? Apenas a DARPA? Ou há uma organizações da sociedade civil interessados nessa questão?
Eu não sei de quaisquer outras organizações atualmente investigando técnicas similares.

Qual deve ser o futuro dessa área de pesquisa?

As aplicações baseadas na inteligência são interessantes, mas esse é um campo bastante estreito. Eu acho que para este tipo de técnica realmente decolar, a mensagem precisa ser, de alguma forma, criada pela biologia, bem como a ser codificada pela mesma. Por exemplo, algum tipo de sistema pode ser configurado, onde as células codificariam uma mensagem diferente, dependendo do seu ambiente. Possivelmente, poderiam codificar uma mensagem diferente se houvesse um contaminante perigoso presente em seu ambiente.

O que o senhor está estudando agora?
Minha pesquisa atual se divide em doas principais projetos, os quais envolvem novos instrumentos que eu já tinha inventado: descarga luminescente de solução de cátodo e o cromoscope.
A descarga luminescente de solução de cátodo pode detectar metais, incluindo metais tóxicos como o mercúrio. Essa tecnologia é muito mais baratas e menor do que os instrumentos que são atualmente vendidos para essa tarefa. Atualmente, meus alunos e eu estamos trabalhando para melhorar o instrumento para que ele possa detectar pequenas quantidades de metais pesados e para que ele possa melhor detectá-los em água salgada. O cromoscope é um novo tipo de microscópio que pode ser utilizado para recolher muito mais informações sobre uma amostra do que um microscópio óptico tradicional. Ao mesmo tempo, uma vez que tira fotos de uma amostra, ele adquire informações detalhadas sobre os comprimentos de onda da amostra e a luz que absorve ou reflete. Atualmente, um dos meus alunos e eu estamos usando o cromoscope para analisar fibras de roupas. Nosso objetivo é ser capaz de usá-lo em aplicações forenses onde pudéssemos combinar evidências residuais à roupa do suspeito.