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Ciência e Saúde

Reanimação cardiorrespiratória longa após infarto não garante sobrevivência

Washington - Prolongar o tempo de reanimação cardiorrespiratória em vítimas de ataque cardíaco não aumenta suas chances de sobrevivência, concluíram cientistas nesta quarta-feira (31/8), solucionando assim um longo debate na medicina de emergência.

"Nosso estudo mostra definitivamente que não há vantagens em se fazer uma reanimação cardiorrespiratória mais longa", declarou Ian Stiell, do Instituto de Pesquisa Hospitalar de Ottawa, no Canadá, principal autor do estudo.

Paramédicos e bombeiros tradicionalmente fazem reanimação cardiorrespiratória (ou ressuscitação cardiopulmonar) durante o tempo necessário para aplicar um desfibrilador para reiniciar a atividade cardíaca.

Mas alguns especialistas nos últimos anos tinham afirmado que um longo período inicial de ressuscitação - de um máximo de três minutos - poderia aumentar as chances de sobrevivência de um paciente com parada cardíaca.

Os cientistas responsáveis pelo estudo, divulgado esta quarta-feira, do qual participaram a Universidade de Ottawa e o Consórcio de Resultados de Reanimação (ROC), afirmaram que esta nova pesquisa soluciona, finalmente, esta antiga polêmica.

"Acho que é melhor seguir com o enfoque tradicional de fazer a reanimação cardiorrespiratória curta inicial", declarou Stiell.

O estudo concluiu que aumentar de um a três minutos o tempo que bombeiros e paramédicos aplicam na ressuscitação cardiopulmonar não proporciona nenhum benefício adicional.

Os resultados, publicados na revista New England Journal of Medicine (NEJM), analisaram dados obtidos com 10.000 pacientes nos Estados Unidos.

Os cientistas disseram que uma ressuscitação cardiopulmonar rápida pode aumentar o fluxo sanguíneo ao cérebro e manter uma pessoa com vida por um curto tempo, mas para pacientes com certos ritmos cardíacos, o coração só pode voltar a funcionar se lhe forem aplicadas descargas elétricas com um desfibrilador.

Segundo especialistas, mais de 350.000 pessoas no Canadá e nos Estados Unidos sofrem anualmente paradas cardíacas repentinas, das quais menos de 10% sobrevivem.