Falta cada vez mais dinheiro para o combate ao HIV nos países mais pobres. A constatação é de uma pesquisa divulgada nessa quarta-feira (17/8) pelo Programa das Nações Unidas para HIV/Aids e pela Kaiser Family Foundation. De acordo com o relatório, em 2010, os recursos dos países ricos destinados ao controle da doença nas nações menos desenvolvidas caíram 10% em relação a 2009, afetando mais justamente as regiões onde o problema é mais latente, como a África subsaariana e a América Latina.
Segundo o estudo, os 15 principais países doadores desembolsaram, no ano passado, US$ 6,9 bilhões para ajudar no combate à Aids em países pobres, US$ 750 milhões a menos que em 2009. Sete países ; Austrália, Alemanha, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia e Estados Unidos ; diminuíram as contribuições em relação ao ano anterior. A principal culpada pela redução de recursos seria a crise econômica mundial. ;A Aids é um investimento inteligente, mesmo em um ambiente econômico difícil. Temos que olhar além dos custos de curto prazo e reconhecer os benefícios de longo prazo dos investimentos;, diz Michel Sidibé, diretor executivo da Unaids.
Para a organização, ligada à ONU, três fatores influenciaram a diminuição. A queda real das doações é apenas um dos problemas. Com a crise econômica mundial, países da Europa tiveram que cortar gastos ; e as contribuições internacionais para a doença não ficaram de fora. Questões cambiais também tiveram a sua parcela de culpa na diminuição dos recursos. A Dinamarca, por exemplo, embora tenha contribuído mais em sua moeda nacional, apresentou redução quando o valor é convertido para dólares.
Outra questão foi a desaceleração das contribuições norte-americanas, que, embora não tenham caído em valores absolutos, perderam a trajetória de crescimento dos últimos anos. O Congresso dos EUA aprovou um orçamento semelhante ao de 2009 para a luta contra a Aids, algo em torno de US$ 5,5 bilhões ; aproximadamente 54% de todas as doações mundiais. As novas exigências para o repasse do financiamento, contudo, fizeram com que parte desse dinheiro só venha a chegar aos países mais pobres neste ano ou em 2012. ;Com o financiamento dos EUA adiado, mas não eliminado, essa pode até ser uma queda temporária, mas o seu impacto sobre os serviços de saúde podem ser reais;, avalia Drew Altman, presidente e CEO da Kaiser Family Foundation.
Pelos cálculos da ONU, para se atingir a meta de acesso universal à prevenção, ao tratamento, aos cuidados e ao apoio aos pacientes com Aids, seria necessário elevar até 2015 o montante arrecadado entre os países mais ricos para US$ 22 bilhões. A Unaids estima que isso evitaria, anualmente, 12 milhões de novas infecções e mais de 7 milhões de mortes. (MMM)