Rio de Janeiro - A incidência de raios no Brasil vem aumentando, mas somente nas médias e grandes cidades urbanas, segundo o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Osmar Pinto Júnior. Ele coordena, a partir deste domingo (7/7), no Rio de Janeiro, a Conferência Internacional de Eletricidade Atmosférica (Icae 2011), que ocorre pela primeira vez no Hemisfério Sul.
O Amazonas é o estado com maior incidência de raios: 20 milhões por ano. No entanto, considerando a relação entre o número de raios e a área dos estados, a liderança é do Mato Grosso do Sul. No país, a média de incidência é 50 milhões de raios por ano.
;Olhando o país como um todo, a incidência de raios não mostra uma tendência de aumento, apesar de os dados apontarem resultados muito importantes.; As informações da pesquisa serão apresentadas pelo coordenador do Elat/Inpe em palestra programada para a próxima terça-feira (9), na Icae 2011.
Em relação às mortes, o levantamento do Elat mostra que, na última década, 130 pessoas morreram, por ano, atingidas por raios. Não existe estatística oficial sobre feridos, mas a estimativa é que anualmente cerca de 300 pessoas sobrevivam depois de serem atingidas por um raio.
Osmar Pinto Júnior disse que em 2011, ;atipicamente;, o número de mortes por raios está muito baixo, em torno de 60 ocorrências. ;Esse número ainda vai aumentar, mas não deve ultrapassar 100 mortes. Ou seja, vai ficar bem abaixo da média da última década.;
O engenheiro explicou que 85% das mortes por raios ocorrem ao ar livre. A circunstância mais comum é a morte de pessoas trabalhando no meio rural, na lavoura, seguida por mortes em praias e estradas. O restante dos casos ocorrem dentro de casa. Os raios matam pessoas que falam em telefones sem fio, que tomam banho durante as tempestades ou que encostam em aparelhos ligados à rede elétrica, como geladeiras, por exemplo.
Em áreas descampadas as pessoas também correm mais risco de serem atingidas do que se estivessem em uma mata, onde o ponto mais alto são as árvores, e não a cabeça humana. ;Em uma mata, você está coberto por árvores altas. Está mais seguro.; As árvores isoladas, no entanto, devem ser evitadas durante tempestades com raios, recomendou.
São Paulo ocupa a liderança em número de mortes por raios, ;apesar de não ser o estado com maior incidência. Isso acontece por causa do maior contingente populacional, ou seja, tem mais gente para ser atingida e mais pessoas acabam morrendo;.
À exceção do Nordeste, onde é menor a incidência de descargas elétricas, todas as regiões brasileiras registram muitos raios. ;E até no Nordeste a incidência está aumentando de três anos para cá.; As razões ainda estão sendo pesquisadas pelo Elat.
Na manhã de segunda-feira (8) será realizada uma entrevista coletiva na Icae 2011, quando serão apresentados os principais avanços mundiais na área de eletricidade atmosférica e anunciados os resultados das pesquisas brasileiras.