postado em 04/08/2011 10:23
A ladainha é sempre a mesma: alimentação saudável pode prevenir doenças. No entanto, mesmo que esse conselho seja repetido à exaustão ; e sempre acompanhado de abundantes comprovações ;, muitas pessoas parecem não dar a menor bola para hábitos alimentares saudáveis. Os adolescentes então, nem se fala. A quantidade de jovens que torcem o nariz para ingredientes verdes e relutam para comer frutas e legumes ainda é altíssima. Uma pesquisa feita em 2009 pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) constatou que 512 jovens, de 14 a 18 anos, apresentaram consumo inadequado das vitaminas A, C e E e dos minerais cálcio, magnésio e fósforo, todos importantíssimos para a manutenção dos órgãos e dos ossos ; e abundantes nos ingredientes saudáveis. De acordo com especialistas, a falta desses nutrientes pode ocasionar diversas doenças e o hábito de ingeri-los deve ser inserido pelos pais, os responsáveis pela alimentação da casa.A pesquisa Prevalência de inadequação da ingestão de nutrientes entre adolescentes do município de São Paulo faz parte do Inquérito de Saúde de São Paulo e apontou que a ingestão inadequada é maior em famílias cuja renda familiar per capita é inferior a um salário mínimo. ;Se essa ingestão inadequada de nutrientes continuar a longo prazo, poderá levar a um risco aumentado para o desenvolvimento de câncer, doenças cardíacas e osteoporose. Essa constatação, entretanto, não é motivo para a suplementação vitamínica e sim para a adoção de uma dieta equilibrada, com a presença de frutas e vegetais;, afirmou o autor do estudo, o nutricionista Eliseu Verly Junior, à Agência USP.
Segundo a nutricionista da Amil Pollyanna Ayub, a deficiência de vitaminas e minerais em adolescentes é causada, principalmente, por pular ou trocar as refeições. ;Por querer dormir um pouco mais, o jovem pula o café da manhã, momento em que a ingestão de lacticínios ricos em cálcio é maior;, acredita. Já nas principais refeições, o problema é ocasionado pela substituição dos pratos que devem ser abundantes em legumes, verduras, carboidratos e proteínas por lanches e fast foods. ;O mesmo ocorre em outras refeições e, por não ingerir esses nutrientes, a pessoa acaba ficando com deficiência;, considera.
A nutricionista Mariana Del Bosco conta que, para todas as vitaminas e minerais existentes, há uma recomendação de consumo, que muda de acordo com a faixa etária. Ela explica que, na infância e na adolescência, essa orientação leva em conta a quantidade necessária para garantir o adequado crescimento e desenvolvimento. ;A determinação da necessidade é baseada na média da população. Alguns indivíduos, de uma forma ou de outra, conseguem ter mais absorção ou armazenar com mais eficiência essas substâncias;, acrescenta.
Ela destaca, contudo, que, quando constatada a deficiência desses elementos na alimentação, sinais clínicos podem aparecer ; como no caso da hipovitaminose A, por exemplo, que pode comprometer a visão, causando cegueira noturna, além de comprometer a integridade da pele, aumentando o risco de infecções. ;Já a deficiência de vitamina C, que quase não vemos mais atualmente, contribui para o escorbuto. A de magnésio e cálcio compromete a formação óssea e pode causar osteomalácia e raquitismo em crianças;, alerta.
Questão de gosto
O adolescente Matheus Porto, 14 anos, não gosta de legumes, frutas e verduras. Adepto da alimentação junk food, o garoto se restringe basicamente ao tomate ; quando muito, come as verduras presentes no prato de origem chinesa yakisoba (também muito comum na cozinha japonesa). ;Não como porque não gosto do gosto;, diz. O pai do garoto, André Porto, conta que não se preocupa muito, porque Matheus consome os outros alimentos muito bem. ;De manhã, ele come cereais com leite, que fazem bem. Já os fast foods eu seguro um pouco, não deixo comer sempre;, diz.