Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Para astrônomos existem entre 100 bilhões e 500 bilhões de galáxias

Há apenas 100 anos, na visão do homem, o Universo resumia-se à Via Láctea. Quando olhavam para o céu, os cientistas achavam que todo o Cosmos limitava-se a essa faixa brilhante, que, segundo a mitologia grega, seria o leite de Hera, esposa de Zeus. Abrigo de planetas, bilhões de estrelas, matéria escura, nuvens estelares e de um massivo buraco negro, a Via Láctea, de fato, é enorme. Seu diâmetro é de 100 mil anos-luz ; como comparação, o da Terra mede 12.779km, sendo que um ano-luz corresponde a 9,4 trilhões de quilômetros. Mas, ainda que grandiosa, é só um pontinho na imensidão cósmica.

No século 18, os astrômomos começaram a observar objetos entre as estrelas, que chamaram de nebulosas. Por muito tempo, esse termo foi usado para nomear o que, na verdade, eram outras galáxias. Cada vez mais, esses corpos celestes apareciam nos telescópios. Alguns tinham forma espiral ; de frente, se parecem com um cata-vento. Mas a única coisa que os cientistas sabiam era que essas regiões, formadas por gases e poeira, eram o berço das estrelas.

Nem todos concordavam com a teoria de que a Via Láctea era única. Astrônomos como Harlow Shapley, que trabalhava no Observatório Monte Wilson, nos Estados Unidos, defendia que muitas das chamadas nebulosas eram ;universos-ilhas;. Esse mesmo termo tinha sido proposto no século 18 pelo filósofo Emanuel Kant, para quem as manchas vistas no céu eram os tais universos. Em 1920, Shapley apresentou seu ponto de vista na reunião anual da Academia Nacional de Ciências, mas muitos continuaram descrentes. Foi somente três anos depois, quando Edwin Hubble mediu a distância entre a então nebulosa de Andrômedra e a Via Láctea, que se constatou que ela estava longe demais ; a 2,65 milhões de anos-luz ; para fazer parte do mesmo sistema estelar.

Ninguém sabe dizer quantas galáxias existem no Universo observável. As estimativas são feitas com base em modelos estatísticos computacionais, mas esses números variam de 100 bilhões a 500 bilhões. E cada galáxia é formada por centenas de bilhões de estrelas. Parece muito, quase infinito. Não para os astrofísicos. Os cientistas acham essa quantidade pequena, comparada ao tamanho do Cosmos, de 13,7 bilhões de anos-luz. As ;galáxias perdidas; emitem luz insuficiente para serem detectadas, mas supertelescópios e observatórios espaciais estão conseguindo, periodicamente, encontrar novos aglomerados.