ROMA - A 6; Conferência Científica Internacional sobre Aids - que teve início no dia 17 de julho e foi encerrada nesta quarta-feira (20) - deixou novas e animadoras vias de tratamento, mas, ao mesmo tempo, chamou a atenção do mundo para a necessidade de tempo e muito dinheiro para que seja controlada uma epidemia que afeta a 33 milhões de pessoas.
Organizada a cada dois anos pela Sociedade Internacional da Aids (IAS), o evento reuniu durante quatro dias a 6.000 pesquisadores, médicos e especialistas no assunto - um recorde -, que debateram sobre os últimos descobrimentos na área. Os cientistas puderam contemplar vários estudos apresentados no Parque da Música, edificado no norte de Roma.
Um deles indicou que quando o tratamento da Aids tem início rápido, é possível evitar o contágio da(o) parceira(o). Outra análise abordou grupos de maior risco ao contágio e mostrou novas maneiras de prevenção. Este foi "o ponto alto da conferência", disse a Prêmio Nobel de medicina 2008, Françoise Barré-Sinoussi, que dirige a IAS desde o verão de 2012. Contudo, estudos mostraram a necessidade de que as pessoas façam a análise de maneira massiva, uma vez que apenas a metade dos soropositivos sabem que estão infectados.
Outra novidade do evento foi a apresentação de antirretrovirais mais eficazes, menos difíceis de serem administrados (um só comprimido por dia) e com menos efeitos secundários. Um dos estudos revelou ainda que os pacientes soropositivos da África que receberam um tratamento combinado de antirretrovirais tinham uma esperança de vida quase normal, em especial se o recebem rapidamente.
Além disso, foi revelado que a circuncisão permite uma diminuição de 76% dos riscos de infecção com o HIV nos homens. Apesar do entusiasmo geral, Peter Piot, ex-presidente de Onusida, relembrou que ainda há um caminho bastante longo a ser trilhado. "É preciso levar esta ciência para a prática e, como dizem os Médicos sem fronteiras, ampliar o diagnóstico, propiciar a prática do tratamento e conseguir o dinheiro necessário", afirmou.
Até agora, apenas 6,6 milhões de pessoas se beneficiaram de tratamento, enquanto que 15 milhões precisariam dele, as vezes sem saber.