Valência - O paciente que na segunda-feira recebeu um transplante de pernas chorou ao ver suas novas extremidades, com as quais poderá andar "em seis ou sete meses", disse nesta terça-feira o médico Pedro Cavadas, responsável pela operação, a primeira desse tipo no mundo.
"O paciente está consciente desde a tarde de ontem. Feliz, ele começou a chorar quando viu as pernas", contou o cirurgião, durante uma coletiva de imprensa no hospital La Fe de Valência, onde foi feita a operação que durou cerca de dez horas, da tarde de domingo até a manhã de segunda-feira.
"Eu imagino que ele será capaz de caminhar com o apoio de muletas e acredito que em um longo prazo poderá andar sem apoio, mas isso já depende de como a reabilitação vai se desenvolver. Se ocorrer tudo como esperamos, seria realista pensar que em seis, sete meses ele pode estar caminhando", afirmou Cavadas.
Segundo o cirurgião, o paciente pode começar a movimentar as pernas em três semanas e em três meses sustentar seu peso nas novas extremidades. O paciente, que Cavadas só detalhou ser um jovem "de vinte e poucos anos", tinha perdido as duas pernas em um acidente de trânsito.
A altura da amputação impedia o uso de próteses e o jovem "estava condenado à cadeira de rodas e suas possibilidades de voltar a andar eram zero", segundo Cavadas, famoso por ter realizado outros transplantes pioneiros.
O médico se mostrou cauteloso ao afirmar que 24 horas após a operação "é muito cedo, muita coisa ainda pode acontecer, mas esperamos que nada ruin ocorra", disse, confiante. "O estado clínico é muito estável e ele logo vai poder sair da Unidade de Tratamento Intensivo", completou Cavadas.
A operação realizada na segunda-feira foi autorizada em maio de 2010 pela Organização Nacional de Trasplantes (ONT) e em novembro do mesmo ano o ministério da Saúde da Espanha anunciou ter autorizado este transplante duplo de pernas. A operação levou quase um ano para ser efetuada porque ainda não havia doadores.