Diante de milhares de admiradores, a nave Atlantis foi lançada com sucesso nesta sexta-feira (8/7), a partir da Flórida (sudeste dos EUA), com quatro astronautas a bordo, em direção à Estação Espacial Internacional (ISS), num último voo de um ônibus espacial americano, depois de 30 anos de serviço.
O lançamento, previsto inicialmente para as 11h26 locais (15h26 GMT), sofreu um atraso de alguns segundos. A agência espacial americana temia, até o último momento, que o céu nublado impedisse a decolagem mas decidiu, finalmente, autorizá-lo, dois minutos antes do tempo previsto.
Não faltou emoção e suspense nesse último lançamento, com a interrupção da contagem 31 segundos antes.
"Foi um problema num indicador eletrônico", explicou à AFP Allard Beutel, porta-voz do Centro Espacial Kennedy.
Deixando para trás um rastro de fumaça, a nave deixou terra firme em meio aos gritos dos espectadores que compareceram ao lançamento, no Centro Espacial Kennedy, perto de Cabo Cañaveral, depois de três décadas de serviço dos ônibus espaciais.
"Esta manhã marcou o princípio do fim de uma era", havia dito antes Allard Beutel, porta-voz do Centro Espacial Kennedy.
O final da missão, de 12 dias de duração e que inclui uma mulher tripulante, deixará os Estados Unidos sem naves capazes de pôr seus astronautas em órbita.
A Atlantis leva 3,7 toneladas de alimentos e equipamentos para a ISS, o que representa um fornecimento de um ano para a tripulação permanente da estação orbital.
Os três ônibus espaciais restantes, de uma frota inicial de seis - o protótipo Entreprise nunca voou, e dois outros se perderam em tragédias, como o Challenger, em 1986, e o Columbia, em 2003, causando a morte de 14 pessoas - vão fazer parte do acervo de museus.
A partir do regresso da Atlantis, a Nasa passará a depender dos Soyuz russos até o desenvolvimento de uma nova nave espacial americana, não antes de 2015, o mais tardar. Várias empresas privadas estão competindo para oferecer um meio de transporte de astronautas e carga em direção à ISS.
A retirada de circulação dos ônibus espaciais é motivo de nostalgia e tristeza para muitos, sobretudo na área próxima ao Centro Espacial Kennedy, chamada "Costa Espacial".
Vão se perder 27.000 postos de trabalho com a finalização do programa.
"É como perder um ser querido", comentou recentemente Marcia Gaedcke, presidente da Câmara de Comércio de Titusville, uma cidade de 45.000 habitantes que fica ali perto e perderá 40% das vagas.
"Não temos ideia do que será o futuro do programa espacial. É totalmente desconhecido", disse Garry Broughton, engenheiro da United Space Alliance, uma empresa terceirizada pela Nasa. "As pessoas são dispensadas todos os dias", disse ele à AFP. Ele ficou sem trabalho depois de 32 anos de carreira.
A amargura também é percebida entre os astronautas.
"É muito difícil, admitiu o astronauta Steve Robinson em entrevista à AFP.