Um objeto do tamanho de um controle remoto, capaz de detectar e processar movimentos, mostra-se uma alternativa promissora para facilitar a vida e a inclusão de pessoas com deficiência física ou dificuldades de locomoção. A nova tecnologia, desenvolvida por formandos do curso de engenharia elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI), em São Paulo, permite, por exemplo, o uso de uma cadeira de rodas apenas com movimentos da cabeça. Outra função é a de avisar o cuidador quando um paciente ou pessoa idosa sofre uma queda. A tecnologia permite também o controle de cursor de mouse (veja quadro acima).
O sistema é composto por sensores que captam e transmitem movimentos por meio de radiofrequência. A tecnologia, porém, já é conhecida. Trata-se do controle remoto sem fio, utilizado, por exemplo, em videogames interativos, como o Wii. A inovação fica a cargo de suas aplicações. ;Nossa intenção era chegar a diversos públicos, mas sempre buscando facilitar a vida das pessoas;, explica Fátima Monteiro, que faz parte da equipe de engenheiros eletricistas que desenvolveu o projeto.
Para o controle da cadeira de rodas, basta acoplar o sensor ; localizado em uma estrutura semelhante a um controle remoto de televisão ; em uma tiara ou boné. No momento em que o indivíduo inclina um pouco a cabeça para baixo, a cadeira destrava. Ao inclinar um pouco mais, a cadeira anda para frente. ;Para fazer o movimento contrário, basta inclinar a cabeça para trás;, ensina Fátima. De acordo com a engenheira, isso ocorre porque é emitido um sinal do sensor ajustado à cabeça do usuário a um circuito na parte inferior da cadeira, que faz as rodas se movimentarem. ;É um tipo de comunicação entre as placas;, resume.
Na aplicação do mouse sem fio, o sensor fica na mão. ;Eles dão os comandos normais de um mouse, como arrastar, abrir e fechar janelas. Dá até para jogar videogame;, conta Fátima. ;Também pode ser usado em apresentações ou por pessoas com movimentos limitados;, lembra a engenheira. Entretanto, neste caso, os formandos desenvolveram um adaptador USB, para que a máquina entenda que existe o componente sem fio.
Hospitais e asilos
Para a detecção de quedas, o sistema sem fio também se mostra promissor. O projeto poderia, por exemplo, ser utilizado no monitoramento de idosos e crianças em hospitais ou asilos. ;Basta colocar o sensor dentro do bolso ou pendurado como um colar;, diz Fátima. Nessa função, o adaptador USB também está conectado a um computador, mas funciona como uma porta de comunicação padrão. Como em todas as outras funções, a comunicação de dados está sendo transmitida a todo instante. Caso seja detectada a queda da pessoa, o sensor envia um sinal para o adaptador USB, alertando sobre o ocorrido. ;A detecção da queda ocorre porque o protocolo feito contém informações que caracterizam qual indivíduo sofreu a queda, caso haja mais de um sensor sendo utilizado para o monitoramento no mesmo ambiente;, explica a engenheira.
Fábio Lima, engenheiro eletricista e orientador do trabalho, destaca que o protótipo foi todo construído com peças existentes no mercado. ;Tudo foi viável no desenvolvimento do sistema. Bastou ter um outro olhar para sua aplicação;, avalia. Orlando Del Bianco, professor de sistemas digitais do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI, que participou da banca de avaliação, ressalta as possibilidades de cobertura do sistema. ;O projeto poderia facilmente ser adaptado não só para a locomoção, como também na inclusão digital de pessoas com movimentos restritos.; O controle sem fio aguarda agora o interesse de empresas na criação de produtos que possam ir ao mercado.