É impossível saber quando o homem olhou pela primeira vez para o céu. Mas, provavelmente, os hominídeos primitivos já observavam com curiosidade aqueles corpos brilhantes que, em um tempo sem prédios, luzes artificiais nem poluição, deviam formar um cenário resplandecente. O fascínio pelo Cosmos está registrado em peças e monumentos pré-históricos, nas lendas do Oriente, nas discussões dos filósofos, nos manuais dos místicos.
Por milênios, planetas, estrelas, satélites, cometas e meteoros estiveram, ao mesmo tempo, tão longe e tão perto da humanidade. Eram vistos como objetos divinos, mas serviam a propósitos bem terrenos: orientar as plantações, a navegação e dar sentido ao tempo. Fascinados pelo movimento celestial, os primeiros astrônomos desenvolveram cálculos e criaram observatórios para tentar entender o que se passava naquela vastidão de beleza e mistério.
Hoje, não é tão diferente. Graças aos avanços tecnológicos, a humanidade descobriu que a Terra é só um pontinho insignificante no Universo. Foi possível sair da esfera-mãe, visitar a Lua e o espaço vazio. Sondas estiveram em outros planetas. Supertelescópios captam ondas emitidas pelo fenômeno que fez a vida possível e registram eventos ocorridos há bilhões de anos. Mas as dúvidas continuam. Incansável em sua curiosidade, o homem repete o movimento dos ancestrais: olha para o céu, tentando pescar respostas entre as estrelas.
A partir de hoje, o Correio publica uma série de reportagens sobre a astronomia. Das observações a olho nu aos estudos sobre a vida fora da Terra, a cada semana um novo tema será explorado, com a revisão científica de especialistas da área. Hoje, conheça o princípio da investigação do Universo.
Essa é uma história escrita por muitas mãos. Seria preciso uma enciclopédia para listar os nomes de todos que ajudaram a desvendar alguns segredos do Cosmos. Os primeiros registros encontrados por paleontólogos são de 32 mil anos atrás. Um pequeno osso de águia pertencente ao Período Paleolítico marcava as fases da Lua. A astronomia só começou a ser científica, porém, na Grécia Antiga. Entre 500 a.C. e 200 d.C., filósofos passaram a investigar com mais rigor os princípios que regem o Universo, embora ainda acreditassem que tudo girasse em torno da Terra, uma ideia que perdurou até o século 16.
O cônego e matemático Nicolau Copérnico revolucionou a astronomia com a teoria heliocêntrica. Ele explicava a órbita dos planetas em torno de uma estrela, o Sol, e influenciou os estudos de Joahnes Kepler, que formulou as leis do movimento planetário, e de Galileu Galilei. O italiano mostraria que Copérnico estava certo, graças a instrumentos telescópicos.
Sabendo que a Terra obedecia a uma órbita elíptica, um misantropo e arisco professor de Cambridge chamado Isaac Newton começou a pensar por que, então, os planetas não saíam voando. A resposta veio de uma maçã. Apesar de parecer uma lenda, a história é verdadeira. Recentemente, a Royal Society digitalizou um manuscrito de William Stukeley. Ele contou que, depois do jantar, foi beber chá com o matemático à sombra das macieiras: ;(Newton) disse-me que o conceito de gravidade (;) foi provocado pela queda de uma maçã. ;Por que deve aquela maçã descer perpendicularmente em direção ao chão?;, pensou ele para si.; A astrofísica jamais seria a mesma.
Na próxima segunda: Do olho nu ao Hubble,
a evolução da observação do Universo