O interior da Lua pode ter tanta água quanto algumas regiões da Terra, de acordo com novo estudo publicado hoje na revista especializada Science. Ao analisar amostras de magma contido dentro de cristais do satélite, coletados pela missão Apollo 17, pesquisadores da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, ficaram surpresos ao descobrir que o líquido é mais abundante no hábitat lunar do que se imaginava.
O professor de geologia Alberto Saal e o estudante Thomas Weinreich chegaram a essa conclusão analisando inclusões lunares ; pequenas ;bolhas; de rochas derretidas que ficam aprisionadas em cristais formados devido a erupções vulcânicas. O material chegou à Terra graças à última incursão da Agência Espacial Americana (Nasa) na Lua, em 1972.
Foi o estudante Weinreich que identificou as inclusões, em um trabalho que seu professor compara como ;procurar agulha no palheiro;. Ele estava atrás da comprovação de um fato revelado em 2008 por Saal, que descreveu, na revista Nature, a primeira evidência de água na Lua. Mas, naquela época, os cientistas acreditavam que a porção do líquido era mínima no satélite. Agora, eles sabem que o magma lunar contêm 100 vezes mais água do que os primeiros estudos sugeriam.
O cristal analisado pela equipe preserva o conteúdo do magma, incluindo as moléculas de água que, se não encontrasse abrigo nessas pequenas bolhas, teria se evaporado. Ao analisar o material, Saal e Weinreich acharam um número muito grande de moléculas, evidenciando que o interior da Lua é muito parecido com o manto superior da Terra, camada que fica abaixo da crosta. De acordo com o artigo, ;a descoberta é surpreendente, porque os cientistas sempre assumiram que a Lua perdeu a maior parte dos seus elementos voláteis imediatamente após sua constituição, quando um objeto do tamanho de Marte se chocou contra a Terra.;
Além das moléculas de água, os pesquisadores encontraram flúor, enxofre e cloro, também materiais voláteis, em maior quantidade do que o esperado. ;Esses conteúdo é muito similar à composição do oceano primitivo da Terra;, diz o artigo. Segundo os cientistas, a descoberta tem importantes implicações sobre a origem da água congelada nas crateras localizadas na face escura da Lua. (PO)