Estudo publicado na revista científica Nature aponta que alguns planetas fora do Sistema Solar giram no sentido contrário das suas estrelas, o que invalida teorias em vigor até então sobre o assunto.
A Terra e os demais planetas que giram ao redor do Sol seguem o mesmo sentido do astro, que completa a cada 26 dias a partir do seu equador.
Há um ano, uma equipe do Observatório de Genebra já tinha apresentado numa palestra em Glasgow (Grã-Bretanha) seis planetas que orbitam em sentido contrário à rotação de sua estrela.
;Pensávamos que o Sistema Solar fosse parecido com os demais do Universo, mas desde o início observamos coisas estranhas nos sistemas extrassolares;, explica o astrofísico Frederic Rasio, da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, coautor do estudo publicado esta semana na Nature.
Os astrônomos chegaram a essas conclusões ao observar grandes planetas gasosos com tamanho próximo ao de Júpiter e se encontravam muito perto do seu astro, ;Júpiteres quentes;. ;Achamos isso mais estranho ainda por esses planetas estarem tão perto da estrela. Por que um giraria num sentido e o outro exatamente no sentido contrário?;, pergunta-se o professor Rasio.
Com sua equipe, ele simulou no computador as órbitas de dois grandes planetas, um localizado muito mais perto do que o outro de uma estrela parecida com o Sol. Suas perturbações gravitacionais recíprocas os levam a mudar de órbita, e o planeta que se encontra mais perto se aproxima progressivamente do astro central.
Sofrendo o efeito da proximidade da sua estrela, o planeta perde energia, fica mais lento e acaba se aproximando ainda mais. Sua órbita, que continua perturbada pelo outro planeta, pode mudar de direção, ser contorcida ou até dar uma reviravolta completa: nesse último caso, ela acaba girando no sentido contrário. O estudo traz uma explicação diferente da teoria imaginada por alguns astrofísicos que acreditam que o fenômeno é causado por uma segunda estrela próxima ao sistema, que influenciaria o movimento desses planetas.