Washington - Pesquisadores americanos anunciaram nesta quarta-feira a descoberta de uma maneira de atacar tumores em estágio avançado do câncer de mama e de fígado, utilizando uma potente droga quimioterápica aliada a minúsculas partículas de carbono conhecidas como nanodiamantes.
A técnica foi testada em ratos, e mostrou que os nanodiamantes ajudam a doxorrubicina a penetrar no tumor - normalmente resistente ao medicamento - e reduzir seu tamanho.
O estudo foi publicado na revista Science Translational Medicine.
Sem os nanodiamantes, a droga era rejeitada pelo corpo ou não conseguia atuar sobre o tumor - ou, pior ainda, acabava causando a morte do paciente se administrada em doses muito altas. "Este é o primeiro trabalho a demonstrar a importância e o potencial dos nanodiamantes no tratamento de cânceres resistentes à quimioterapia", indica a pesquisa.
O estudo aponta o uso promissor do nanodiamante em humanos, já que a resistência à quimioterapia provoca o fracasso do tratamento em 90% dos casos de câncer com metástase. "O mais interessante neste trabalho era quando aplicávamos uma dose ainda mais alta do medicamento, tão alta que matava todos os animais. Eles não sobreviviam o suficiente nem para concluir o estudo", destaca Dean Ho, da Universidade Northwestern, principal autor da pesquisa.
"Mas, quando aplicávamos a mesma dose alta combinada ao nanodiamante, não apenas os animais sobreviviam, como a redução dos tumores era a maior que víamos no estudo", conta.
Ho diz ter se interessado pelo uso das partículas de carbono em combinação com medicamentos há mais de três anos, e passou a se concentrar nos nanodiamantes porque outras linhas de pesquisa no campo automotivo mostraram que eles funcionam bem combinados à água - um requisito básico para o uso médico. "Também percebemos que a forma do diamante é bastante útil, por ser uma estrutura muito organizada, o que é sempre bom para a biologia", explica Ho.
Os nanodiamantes são geralmente obtidos a partir de explosões, como em minas de carvão ou refinarias de petróleo. Suspeita-se que resultem também do impacto de meteoritos.
"O que é melhor ainda (sobre os nanodiamantes), é que eles são praticamente um dejeto, que seria produzido de uma maneira ou de outra", diz o pesquisador.
"Então, ao invés de jogá-los fora como qualquer subproduto (...), podemos obter partículas bastante uniformes com dois a oito nanômetros de diâmetro".
Ho reconhece que ainda serão necessários alguns anos antes que o tratamento seja disponibilizado no mercado de serviços médicos, e que é preciso testar a técnica em animais maiores antes de partir para cobaias humanas.