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Ciência e Saúde

Combate às estrias só consegue resultados quando as lesões são recentes

Embora menos comuns que as temidas celulites, as estrias podem causar danos estéticos tão indesejáveis quanto as famosas células de gordura que dão à pele um aspecto de plástico bolha. Essas marcas, geralmente lineares e paralelas, costumam comprometer as regiões das coxas, do abdômen, das nádegas e dos seios nas mulheres, maiores vítimas dessas cicatrizes. Nos homens, as lesões são mais comuns nas costas. Alterações hormonais, predisposição genética, ganho de peso, gestação e aumento de massa muscular são fatores de risco, assim como o conhecido ;efeito sanfona;, de emagrecimento e volta a engordar.

O laser tem trazido benefícios muito significativos para pacientes que buscam se livrar da mazela. A dermatologista Denise Steiner, diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que as terapias para essas lesões demandam paciência e disciplina. ;Estrias são cicatrizes e, para cicatrizes, o tratamento é sempre complexo e lento. Dependendo da extensão, da idade e da profundidade da ruptura no tecido, elas podem ser abrandadas a ponto de ficarem invisíveis a olho nu. No entanto, nem mesmo essa nova tecnologia é capaz de remediar o problema 100%;, enfatiza a médica e doutora em dermatologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

[FOTO2]Quanto mais novas as estrias, mais avermelhadas elas se apresentam. Esse tom, aliás, é um claro sinal do processo de inflamação da pele. Quanto mais vermelha, melhor o resultado do tratamento. O saldo do estiramento do tecido pode ser atrófico ou hipertrófico. A indicação da terapia depende de uma avaliação médica que leva em conta o tipo de estria. ;Analisamos a cor, a espessura, o comprimento, a tonalidade da lesão e da pele do paciente. São detalhes que determinam a terapia ideal para cada caso. Quanto mais esbranquiçada a estria, menor a vascularização local. Por isso, estrias antigas são mais complicadas de tratar;, observa o médico Caio Túlio Navarrete, especialista da FitCorpus. Nesse caso, para minimizar as marcas, são usados procedimentos mais intensos e profundos, que provocam uma agressão à lesão para que ela reaja produzindo mais colágeno e elastina.

Entre as alternativas para o tratamento contra estrias que especialistas têm adotado está o laser fracionado não ablativo, cuja energia ultrapassa a camada mais superficial do tecido e não provoca descamação. ;Esse laser tem a capacidade de interagir com a água presente na pele, liberando o calor que estimula a produção de colágeno, elemento fundamental para a melhora da aparência das estrias;, pontua Denise Steiner. Os equipamentos que disparam o laser agem de forma similar, com variações em relação ao comprimento e velocidade da energia liberada.

O laser ablativo também tem sido usado com sucesso. Ele provoca uma discreta descamação na pele porque atinge sua superfície. O de CO; é um exemplo. O laser é um procedimento médico e demanda cuidados. Segundo a dermatologista, é preciso seguir protocolos para a sua aplicação. ;Para um bom resultado, em geral, são feitas de seis a oito sessões, com intervalos de 20 a 30 dias. A pele não pode estar bronzeada ou machucada e o sol deve ser evitado após a aplicação;, afirma. Os laseres não são indicados para pacientes morenas ou negras, porque podem provocar manchas.

Regressão
A administradora de empresas Yara Alves, 30 anos, não conseguiu evitar as estrias durante e depois da gestação. As marcas apareceram na região do quadril no sexto mês de gravidez. ;Tentei evitar, fazendo uma hidratação intensa, mas meu problema é genético. Minha mãe também tem estrias e mesmo antes de eu engravidar minha pele já exibia umas marquinhas indesejadas;, diz. Yara está fazendo o tratamento com laser CO; e não esconde a empolgação. ;Fiz duas sessões e já notei a diferença. As estrias encolheram e ficaram muito discretas. Acredito que, depois de mais umas quatro sessões, elas ficarão imperceptíveis;, espera.

Outras alternativas, como a microdermoabrasão, a subcisão e a mesoterapia continuam sendo armas de combate às listrinhas inconvenientes. Em alguns casos, é feita a combinação de mais de uma terapia para otimizar o resultado. ;Costumo lembrar aos pacientes que a hidratação pode não evitar totalmente as estrias, mas, se você tem tendência, ela ameniza os danos. Nossa pele pode ser comparada a um galho de árvore. Quando seco, quebra mais facilmente;, analisa Navarrete. Para os pacientes que preferem tratamentos menos invasivos, o ácido retinoico é o ativo mais indicado pelos especialistas. ;Os retinoides são derivados da vitamina A e têm excelente capacidade para otimizar a queratinização, estimular o colágeno e a irrigação do tecido. O ideal é que seja aplicado três vezes por semana, alternando com hidratantes;, complementa a dermatologista de São Paulo.

A estudante Sthefenie Hellen Medeiros de Andrade, 19 anos, conta que antes de engravidar já tinha estrias no bumbum, discretas e que não a incomodavam tanto. Uma semana antes de dar à luz, a barriga, que estava lisinha e hidratada, não suportou. As estrias ficaram tão evidentes que abalaram a autoestima da jovem. ;Não tenho mais coragem de usar biquíni. É difícil até olhar no espelho;, queixa-se. Sthefenie fez a quinta sessão de carboxiterapia, procedimento que consiste em injetar gás carbônico (CO;) diretamente no tecido afetado. A injeção é feita por meio de agulhas bem finas, acopladas a um aparelho que controla o fluxo, a velocidade, a pressão e a quantidade administrada. ;Estou aguardando os resultados. É o primeiro tratamento que faço. Se conseguir amenizar as estrias da barriga, vou fazer também no bumbum;, diz.

A boa alimentação é um ponto muito observado pelos médicos. Alimentos ricos em fibras, colágeno e proteína ajudam a pele a ficar mais resistente e elástica.