Ser astronauta é o sonho de incontáveis crianças. Visitar a Lua, ver a Terra de longe e viver sem gravidade são coisas que despertam a imaginação de muitos pequenos. No entanto, para um seletíssimo grupo de pessoas, a vontade de visitar o espaço superou o simples sonho infantil e tornou-se coisa séria. Nos últimos 50 anos, a um pequeno contingente de 55 mulheres e 498 homens ; de 38 nacionalidades diferentes, inclusive a brasileira ; coube a função de ser as mãos e os olhos da humanidade no espaço. Em um tempo de máquinas poderosas, esses homens e mulheres provam que nenhuma tecnologia, por mais avançada que seja, pode substituir o talento e a criatividade humana. A Marcos Pontes, tenente-coronel da Força Aérea Brasileira, foi dada a missão de representar os quase 200 milhões de brasileiros no espaço sideral. A longa preparação para o paulista de Bauru visitar o espaço começou em 1998, quando um concurso da Agência Espacial Brasileira (AEB) selecionou candidatos ao posto de astronauta. Aprovado em primeiro lugar, Pontes foi mandado para a Nasa, nos Estados Unidos, onde passou por dois anos de preparação. ;O curso e o treinamento são extremamente exigentes. Temos que conhecer a fundo absolutamente todos os sistemas;, conta o astronauta, que, em 2006, ficou nove dias no espaço, a bordo da nave russa Soyuz e da Estação Espacial Internacional (ISS). Depois do treinamento nos EUA, Pontes ainda permaneceu mais cinco anos à espera de uma vaga na imensa lista de espera composta pelos astronautas prontos para voar pela Nasa. A oportunidade surgiu não na agência espacial americana, mas na russa, a Roscosmos, onde o brasileiro treinou por mais um ano. ;Eu sou especialista de missão, isto é, minha responsabilidade no espaço é montar, desmontar, consertar, configurar e operar todos os sistemas das espaçonaves, além de ser as mãos e os olhos dos cientistas no espaço;, explica o astronauta. O extenso treinamento a que astronautas como o brasileiro Marcos Pontes são submetidos serve para garantir que absolutamente nada saia errado no espaço, onde praticamente não há possibilidade de intervenção dos técnicos que permanecem na Terra. Esse tipo de estratégia garante que, mesmo em ambientes absolutamente diferentes do terrestre, como na Lua, os astronautas tenham plena segurança do que estão fazendo. ;Nós passamos três anos aprendendo o que era necessário e nos preparando para executar os movimentos, então, na ;hora H;, não havia algo exatamente novo em relação ao que estávamos fazendo anteriormente;, relembra Edgar Mitchell, que participou da Apollo 14, terceira missão a pousar em solo lunar. ;É como ir à faculdade: você aprende o que é possível e, quando chega a hora, põe em prática e vê se dá certo;, completa o americano.
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