Os homens pré-históricos do sul da África dominaram técnicas para afiar pedras e também o uso do fogo para fazer facas há pelo menos 75 mil anos, 50 mil anos mais cedo do que se pensava até o momento, revelou um estudo publicado nesta quinta-feira.
A descoberta, feita na caverna de Blombos, na África do Sul, antecipa em pelo menos 50 mil anos o domínio desta técnica que consiste no aquecimento do silcreto, um material duro constituído por quartzos cimentados por sílica para modificar a estrutura e melhor moldá-la.
Essas pedras eram, em seguida, delicadamente trabalhadas com martelos de madeira ou de ossos para deixá-las bem afiadas.
"Essa técnica é a mais eficaz para dominar a afiação, espessura e forma de uma ferramenta de dois gumes, como as pontas de lança e as facas de pedra", explicou Paola Villa, conservadora do Museu de História Natural da Universidade do Colorado (oeste dos Estados Unidos), coautora deste estudo, que será publicado na edição desta sexta-feira da revista Science.
Antes da descoberta destes objetos em Blombos, os indícios mais antigos da dominação destas técnicas sofisticadas remontavam somente à cultura Solutrense do Paleolítico Superior, na França e na Espanha, datando de aproximadamente 20 mil anos.
"A descoberta na caverna na Blombos é importante porque mostra que os humanos modernos no que é hoje a África do Sul tinham um repertório de técnicas sofisticadas de fabricação de ferramentas de pedra desde muito cedo", revelou Paola Villa.
"O uso dessas técnicas é um bom exemplo de uma tendência para desenvolver novas ideias e técnicas amplamente consideradas como características de comportamentos modernos e avançados", acrescentou.
Os pesquisadores analisaram 159 pontas e fragmentos de silcreto e 179 outras peças trabalhadas. Eles também examinaram mais de 700 escamas ou pequenas placas, feitas a partir do trabalho de amolação.