Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Substância anticolesterol pode ser usada para combater infecções

Estudos apresentados nos Estados Unidos promovem o potencial anti-infeccioso das estatinas, substâncias anticolesterol que milhões de pessoas no mundo todo tomam para prevenir enfermidades cardiovasculares.

Os autores da pesquisa concordam que são necessários estudos clínicos para determinar se essas substâncias poderão ser recomendadas para o tratamento clínico de diversas infecções, como a pneumonia ou a infecção sanguínea ocorrida durante transplantes de órgãos.

Os pesquisadores apresentaram seu trabalho na 50a. Conferência Anual da ICAAC (Conferência Intercientífica de Agentes Antimicrobianos e Quimioterapia) reunida de 12 a 14 de setembro, em Boston (Massachusetts).

Uma atualização até 2009 dos resultados de um estudo realizado na Dinamarca com 70.000 pacientes afetados de pneumonia confirmou uma queda de 31% da mortalidade ligada a esta infecção pulmonar entre os que tomavam algum desse tipo de anticolesterol, indicou o dr. Reimar Thomsen, do hospital universitário de Aarhus.

Mas este estudo não calibrou a influência de certos fatores. É possível que os que tomam estatinas de forma preventiva sejam mais jovens e mais saudáveis, e tenham até mesmo um maior grau de escolaridade, destacou o médico.

"Por isso os testes clínicos que eliminam esses fatores são necessários para confirmar ou desmentir as conclusões desses estudos de observação", afirmou Thomsen.

Por sua parte, a dra. Nasia Safdar, da Universidade de Wisconsin (norte dos Estados Unidos), constatou em sua pesquisa uma menor mortalidade entre os pacientes que tiveram um transplante de órgãos e afetados por uma infecção sanguínea que tomavam estatinas.

"Esses resultados são interessantes e se impõem a outras pesquisas", afirmou a médica, destacando, no entanto, "que no momento as estatinas não podem ser recomendadas como tratamento padrão para infecções".