Professor Alexandre Marco da Silva
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A poluição dos recursos hídricos, especialmente os superficiais, vem afetando profundamente a cadeia alimentar de vários ecossistemas aquáticos. Uma comunidade que vem sofrendo profundamente com este fato é a ictiofauna, que é a comunidade formada por espécies de peixes.
No continente americano, esta comunidade é extremamente vasta em número de espécies, sendo algumas de ocorrência ampla, como os Lambaris (espécies do gênero Astyanax) e outras de ocorrência mais restrita e que vêm sofrendo sérias pressões e perigo de extinção, como o Pintado e Pirarucu.
Por outro lado, ainda falta muito a se conhecer sobre a biologia de muitas espécies de peixe, e várias espécies correm o risco de serem extintas mesmo antes de devidamente conhecidas ou sequer catalogadas. O tipo de poluição que mais vem afetando a ictiofauna é variável, mas a alteração ambiental decorrente da supressão da vegetação ciliar mostra ser a principal.
Isto porque, após a remoção da vegetação, ocorre uma série de alterações não somente na qualidade da água relacionada a parâmetros químicos e físicos (teor de oxigênio dissolvido, condutividade elétrica, turbidez, temperatura, dentre outras), mas na geometria do leito do curso d;água devido ao processo de assoreamento, no regime hídrico, alteração da comunidade fitoplanctônica e zooplanctônica (que servem de base para a cadeia alimentar), no processo de respiração e fotossíntese (que implica na produção e consumo de oxigênio dissolvido e está fortemente relacionado ao processo de eutrofização de corpos d;água), entre outras alterações.
A pesca indiscriminada de algumas espécies de maior interesse comercial, esportivo ou alimentar constitui outro fator de dizimação de espécies. Sendo assim, políticas públicas que incentivem o cumprimento de leis, tais como aquelas relacionadas à conservação ou recuperação das Áreas de Preservação Permanente, criam condições de habitat para as comunidades ictiofaunísticas. Além disso, regulam a pesca para fins de diminuição da retirada dos volumes de peixes em épocas e quantidades não condizentes com a sua biologia.