A detecção de mosquitos e bactérias, vetores de doenças como a malária e as gastroenterites, e o acompanhamento de epidemias ocorrem agora nas zonas mais remotas graças à observação por satélite, a tele-epidemiologia, indicam os especialistas.
O espaço e suas múltiplas aplicações (a meteorologia, o estudo dos oceanos, a análise da vegetação) permitem determinar quando uma espécie perigosa ameaça se proliferar, explica à AFP Murielle Lafaye, responsável pelo programa tele-epidemiologia do Centro Nacional de Estudos Espaciais francês (CNES) durante o salão Tolouse Space Show (de 8 a 11 de junho).
Tudo começa no local com um entomólogo ou um biólogo, que define os elementos que anunciam uma possível proliferação destes insetos ou destes vírus, vetores de doenças às vezes mortais.
No caso dos mosquitos, buscam por exemplo que espécie é endêmica em uma certa zona, em que tipo de local põem seus ovos, as condições de chuva propícias às larvas, etc.
Estes elementos são agrupados em modelos em função das chuvas, dos períodos de seca, das condições climáticas que favorecem a eclosão das larvas, da turvação dos açudes, que são observados por satélites, tornando possível prevenir as autoridades sanitárias para que reforcem a vigilância, utilizem vacinas ou mosquiteiros.
A co-responsável pelo programa de tele-epidemiologia, Cécile Vignolles, realiza já mapas preventivos de riscos no Senegal para a febre do Vale do Rift, transmitida pelos mosquitos aos ovinos e bovinos jovens. Os pastores sabem então onde podem deixar os animais durante a noite para minimizar os riscos.
O exército francês recorreu aos serviços do CNES em tele-epidemiologia para determinar os bairros urbanos menos arriscados para a malária no Senegal, graças a uma cartografia de vegetação, das edificações, etc.
As bactérias que transmitem doenças ao mariscos, e por consumo ao homem, são detectadas graças à presença do zooplancton. Em uma zona de aquicultura, os satélites permitem seguir o desenvolvimento do zooplancton, as taxas de salinidade e a temperatura da água, e dão aos biólogos os meios para poder alertar se as condições forem boas para a proliferação de bactérias.
O acompanhamento de uma epidemia como a da gripe aviária, relata Murielle Lafaye, também beneficiou-se muito dos satélites. Eles permitem seguir as rotas migratórias dos pássaros, prever com os ornitólogos as mudanças em caso de rajadas de frio, etc.
Os especialistas do CNES utilizam diversos satélites que lhes permitem constatar a evolução do clima e tomar medidas antes que as "doenças limitadas às zonas tropicais cheguem", explica Murielle Lafaye.