; Pablo Alejandro
; Paloma Oliveto
Em 13 de agosto de 2008, Thor chegou ao Zoológico de Brasília. Estava magro, maltratado e com um problema no olho. ;Quando foi solto, ele correu e começou a rolar na lama. Foi muito emocionante;, recorda-se a coordenadora do setor de mamíferos do zoo, Clariana Sousa Gelinski. O animal, cuja idade é desconhecida, vivia anteriormente em um circo e foi entregue ao zoológico por determinação judicial. Na frente da casa onde Thor mora, com direito a jardim, solário e tanque de lama, uma placa mostra o antes e o depois. Nem parece que a criatura assustada, confinada em uma jaula, é a mesma que hoje vive feliz em um espaço de 3,5 mil metros quadrados.
Dois anos depois da chegada, Thor ainda tem algumas recaídas com a doença oftalmológica. A veterinária Betânia Pereira Borges, que cuida dele todos os dias, conta que o animal sofre com a conjuntivite seca; ou seja, não produz lágrimas. Por isso, são feitos pelo menos três curativos por dia. Para que o animal aceitasse o tratamento, ele foi condicionado a se aproximar da grade e aceitar ser tocado pelos tratadores. O condicionamento é contínuo. Thor já sabe que quando ouvir o clique emitido por um aparelho manuseado por Betânia, basta ir à grade para ser recompensado. O prêmio pode ser uma fruta ou um pedaço de rapadura. Outra forma de recompensa é ser esfregado.
[SAIBAMAIS]Carinhoso, Thor reconhece a voz de Betânia e, mesmo com os maus-tratos sofridos no passado, é um animal calmo. Uma das atividades prediletas é rolar no tanque de lama construído para ele, o único exemplar da espécie no Zoológico de Brasília. Caso ganhe uma companheira e tenha filhotes, Thor vai dividir o espaço com a família. Para evitar brigas, a área de exposição tem uma porta que permite isolar o rinoceronte da futura ;esposa;. O que hoje é o solário se transformará em uma maternidade, para abrigar a fêmea e o bebê.
Os tempos traumáticos, quando o bicho não tinha nem recipiente de água, vivia em transporte, não tinha acesso a lama nem era alimentado de forma correta, ficaram para trás. Comilão, além da ração e dos vegetais que recebe diariamente, o rinoceronte ainda consome aproximadamente 40kg de grama por dia. No habitat natural, o capim é base alimentar do segundo maior mamífero terrestre, perdendo apenas para o elefante.
Apesar de conhecido como rinoceronte-branco, o animal não tem essa cor. Ele é, na verdade, cinza. Ganhou o nome porque, na África do Sul, o povo Boer o chamava de wide (largo, em inglês), em referência ao tamanho da boca. A palavra soa como white, que significa branco. Daí a confusão.